Sánchez cogita formar governo com aliança de esquerda na Espanha

O Podemos vetou Pedro Sánchez como presidente de governo em março de 2016, quando a coalizão de esquerda votou contra ele no Congresso, sem optar pela abstenção, permitindo que o conservador Mariano Rajoy continuasse à frente do Poder Executivo

18/07/2019 17:48 Atualizado: 18/07/2019 17:48

Por Agência EFE

O presidente de governo interino da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, aceitou nesta quinta-feira a possibilidade de formar um governo de coalizão com a aliança de esquerda Unidas Podemos (UP), mas vetou expressamente a entrada do líder da mesma, o secretário-geral Pablo Iglesias.

Em uma entrevista exibida pela televisão espanhola, Sánchez mostrou suas cartas com mais clareza do que no passado, ao assinalar pela primeira vez em público que oferecia a possibilidade de “um governo de coalizão” para a UP, mas rejeitando a presença de Iglesias no mesmo.

Quase três meses depois das eleições de 26 de abril, esta é a primeira vez que o líder socialista espanhol admite em público que negocia uma coalizão com a UP, algo que anteriormente tinha rejeitado.

Também é a primeira vez que o líder do Partido Socialista e Operário Espanhol (PSOE) menciona a hipotética presença de Iglesias no governo como “o principal empecilho” para que sua legenda e a UP cheguem a um acordo para que possa ser investido na próxima semana como presidente de governo pelo Congresso dos Deputados.

O PSOE ganhou as eleições de abril com 123 deputados, mas ficou longe da maioria absoluta (176), por isso necessita do apoio da UP (42 legisladores) e de outros partidos menores para manter Sánchez à frente do governo.

O líder socialista advertiu hoje claramente Iglesias e sua aliança de que, se não tiver seu apoio até a próxima semana, “não haverá mais nenhuma oferta e qualquer pedido posterior não passará mais por uma coalizão”.

O líder socialista explicou que seu veto a Iglesias é devido a diferenças “substanciais” entre ambos, sobretudo em questões-chave, como o independentismo na região da Catalunha.

Além disso, Sánchez insistiu que precisa de um governo “coeso”, que “não funcionaria” com a presença de Iglesias e “ficaria paralisado por suas próprias contradições internas”.

O líder do PSOE também revelou que Iglesias lhe pediu uma vice-presidência de governo e controle sobre cinco áreas temáticas ou departamentos em um hipotético gabinete de coalizão.

Após a entrevista, fontes da UP informaram que consideram um “avanço” a abordagem mostrada por Sánchez sobre uma coalizão – já que até agora as conversas giravam em torno de um governo de cooperação – e que estão abertos a discutir a não inclusão de Iglesias no Poder Executivo.

Caso a posse de Sánchez não tenha sucesso na próxima semana, seria preciso ver se o rei o proporá novamente para outra tentativa em setembro, com a perspectiva de uma repetição das eleições em novembro no pior dos casos.

O “número 2” do PSOE e ministro de Fomento interino, José Luis Ábalos, disse em entrevista coletiva que “é um erro” pensar em uma negociação em setembro, e pediu aos demais partidos que evitem novas eleições, depois que já aconteceram três nos últimos três anos e meio.

“Não temos o direito de ignorar os espanhóis… Não podemos obrigá-los a votar quatro vezes em quatro anos”, afirmou Ábalos.

O Podemos vetou Pedro Sánchez como presidente de governo em março de 2016, quando a coalizão de esquerda votou contra ele no Congresso, sem optar pela abstenção, permitindo que o conservador Mariano Rajoy continuasse à frente do Poder Executivo.