Por Jesús de León, Epoch Times
A situação na Venezuela é cada vez mais catastrófica e, de acordo com um relatório recente, o salário “soberano” caiu para o equivalente a apenas US$ 3,46 por mês.
Segundo o Centro de Documentação e Análise de Trabalhadores (Cenda), o salário mínimo de 18 mil bolívares possui apenas um poder de compra real de 2,6% da cesta básica (CAT) para o mês de março.
Durante o mês de março, os 11 itens que compõem a CAT registraram aumento inter-mensal de preços (entre 5% e 40% por item) — no mês de fevereiro foi entre 40% e 97% —, uma contração contínua no consumo venezuelano, relatou Venepress.
“Para comer produtos com proteína animal você precisa de 211.279,32 bolívares mensais, o equivalente a 12 salários mínimos”, acrescentou essa fonte.
EL SALARIO MÍNIMO
UN ULTRAJE A LA DIGNIDAD DEL TRABAJO – SIN PODER ADQUISITIVO
EL SALARIO MÍNIMO DE Bs. S 18.000,00 vigente a partir 15 de enero 2019 sólo tiene un poder adquisitivo real del 2.6% de la #CanastaAlimentaria para el grupo familiar pic.twitter.com/KM5LADLvnD— CENDA (@Cenda_Info) April 18, 2019
Por exemplo, a caixa de ovos já custa quase um salário mínimo, com um preço entre 15 mil e 16 mil bolívares na área comercial do estado de Yaracuy, publicou El Pitazo.
Carlota Timaure, consumidora, explicou à mídia local que o cardápio com o qual ela alimenta sua família não vai mais poder incluir ovos, isso porque o orçamento apertado não permite que ela disponha semanalmente de 7.000 a 7.500 bolívares para comprar meia caixa de ovos.
El salario mínimo mensual está en Bs 18.000. A dólar oficial (tasa Dicom abril) son US$ 3.46
La Canasta Básica Familiar (Cendas/FVM) se ubicó en Bs 2.491.159,29 en marzo. Son 138,39 salarios mínimos.
El régimen es responsable del empobrecimiento de Venezuela. #OVCS pic.twitter.com/VZe0GfyaOx
— Observatorio de Conflictos (@OVCSocial) April 24, 2019
O salário mínimo de 18 mil bolívares equivale neste momento a apenas 3,46 dólares.
Por esta razão, uma família precisa de 39 salários mínimos — dos soberanos — para cobrir as despesas básicas.
Outros dados indicam que uma renda mensal estimada em 39.600 bolívares não dá nem para dois dias no mês, já que o trabalhador precisa de um mínimo de 40.408,20 bolívares por dia.
Agora o salário compra apenas 2,8% da CAT. No mês de fevereiro comprava 3,3%.
De acordo com a rede agroalimentar venezuelana, para maio de 2019, o preço da cesta básica será impagável.
A Cesta Normativa Alimentar, cujo preço é calculado utilizando a metodologia do INE e do Banco Central, passou de 41,8 mil bolívares soberanos em dezembro para cerca de 346 mil em março, segundo essa fonte.
Nuestras proyecciones indican que en mayo el costo de la canasta puede ubicarse en 800 mil Bs., es decir 44 veces el Salario Mínimo vigente. Una familia necesita alrededor de un millón de bolívares para sobrevivir. https://t.co/4mGoQnt9V1 pic.twitter.com/W3xSqkZCbU
— Red Agroalimentaria de Venezuela (@RedAgroaliment1) April 24, 2019
“Projeções com alta confiabilidade indicam que em maio o preço da cesta poderá chegar a cerca de 800 mil bolívares soberanos, ou seja, mais de 40 vezes o atual salário mínimo e para comprá-la uma família que gasta em alimentos 75% de sua renda vai precisar de cerca de um milhão de bolívares para sobreviver”, acrescentaram.
A CAN foi analisada pelo INE e pelo BCV desde 2007 para estabelecer o custo mínimo que uma família média deve pagar para se alimentar adequadamente.
Os venezuelanos vivem o dia a dia entre pobreza, fome e miséria. A situação nos últimos meses tornou-se mais crítica com a crise do sistema elétrico, que por sua vez afeta o abastecimento de água.
Mesmo nesse contexto, existem áreas onde o valor real do salário mínimo é menor.
Esto es lo que se puede comprar en #Venezuela al #24Abr del 2.019 con el salario mínimo legal de un MES. @DisobeyVen pic.twitter.com/JF0IBoyZft
— Alexis Goatache Arévalo (@AlexisGoatache) April 24, 2019
Por exemplo, em Zulia, devido aos apagões, comprar água em recipientes de 300 litros custa cerca de US$ 8, o dobro do salário mínimo mensal que os venezuelanos ganham em meio à hiperinflação nacional, de acordo com a mídia local Versión Final.
Este estado, segundo em importância no país e com 5 milhões de habitantes, sofre apagões de 16 horas por dia há semanas.
“Neste setor, felizmente, temos água a cada cinco dias, temos sorte (…) outros setores ficam um mês (sem água)”, disse uma idosa moradora de Zulia, que em março passou mais de 300 horas sem eletricidade e jogou fora vários alimentos que estragaram enquanto sua casa estava escura, de acordo com essa fonte.