Por PanAn Post, Sabrina Martín
Pelo menos dois cidadãos americanos foram presos pela ditadura de Nicolás Maduro após uma “falha na incursão” chamada Operação Gideon, que tentou derrubar o regime. São dois ex-militares americanos veteranos que participaram de missões no Iraque e no Afeganistão.
Luke Denman e Airon Barry estavam em um barco de pesca e procuravam, junto com outros cidadãos venezuelanos, tocar em terreno sólido para supostamente fazer parte de um plano no qual capturariam Maduro. No entanto, na segunda-feira, 4 de maio, eles foram presos pela tirania.
10th Special Forces Group veterans arrested for allegedly taking part in Venezuela coup plot. Luke Denman (ODA 0136) and Aaron Barry, went dark 8 days ago crossing the border. Worst part: CIA caught wind and tried to talk them out of it in Jamaica. Not a USG condoned op. https://t.co/uJehpn3GOg
— Jack Murphy (@JackMurphyRGR) May 4, 2020
De acordo com Jack Murphy, que se identifica como um ex-patrulheiro dos Estados Unidos, ele observou que Denman e Barry são ex-membros do Grupo 10 das Forças Especiais dos EUA.
Os dois cidadãos norte-americanos estavam ao lado do oficial da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), Antonio Sequea, e do filho do general Raúl Baduel, Josnars Adolfo Baduel, que foram transferidos de helicóptero do estado de Aragua para Caracas.
Por meio de sua conta na rede social Twitter, Murphy relatou que os detidos permaneceram ocultos por oito dias atravessando a fronteira para chegar à Venezuela e revelou que na Jamaica a CIA havia tentado convencê-los a desistir da operação, porque isso não era oficial.
Murphy também criticou seus colegas por levarem seus documentos de identificação militar com eles: “Meu irmão, quem leva seu cartão de identificação militar com ele em um trabalho mercenário para se livrar de um governo estrangeiro?”, disse ele.
Nesta segunda-feira, 4 de maio, Maduro apresentou as evidências da participação dos dois cidadãos americanos e afirmou que os estrangeiros capturados se identificaram como “membros da segurança de Donald Trump”. No entanto, o presidente dos EUA negou a ligação: “Eles não tem nada a ver com o nosso governo”.
#ÚLTIMAHORA: Presidente Trump niega vinculación de EEUU con lo ocurrido en Venezuela. “Acabo de recibir información”, dijo de los dos estadounidenses detenidos en Venezuela este lunes y agregó “no tiene nada que ver con nuestro gobierno
pic.twitter.com/PFXwTJQgWO @RafaelFuenmayor
— Hecmiry Lugo (@hecmirylugo) May 5, 2020
O ex-militares dos EUA faziam parte da equipe de Jordan Goudreau, um militar aposentado dos EUA que recebeu a Estrela de Bronze três vezes por sua bravura no Iraque e no Afeganistão, e que, juntamente com o capitão venezuelano Javier Nieto Quintero, atribuiu os eventos que ocorreram no domingo em Macuto, Estado de Vargas, como parte do que eles chamaram de Operação Gideon.
Goudreau, também executivo-chefe da Silvercorp, disse ao Washington Post que dois americanos atuando em um grupo maior foram capturados na segunda-feira, juntamente com seis venezuelanos, depois de iniciar uma operação para se infiltrar na Venezuela. Goudreau também informou que outros membros da Operação Gideó foram capturados ou mortos no domingo.
O ministro do Interior, Justiça e Paz, Néstor Reverol, informou no domingo que “um grupo de mercenários terroristas da Colômbia tentou realizar uma invasão por mar”. Segundo Reverol, o grupo tentou entrar em lanchas ao longo da costa de La Guaira, a fim de realizar “uma nova tentativa de golpe”.
As lanchas usadas pelos membros da Operação Gideon foram detectadas do ar pela Aviação Naval Bolivariana da Venezuela.
Não foi uma invasão, foi uma missão fracassada desde o início
Daniel Blanco, jornalista especializado em eventos, relatou em entrevista ao PanAm Post que a Operação Gideon é uma realidade, apesar do fato de muitos atores políticos tentarem negá-la.
Blanco relatou que o grupo que estava tentando derrubar Maduro perdeu “quase todo o equipamento tático” e também os dois grupos de assalto caíram. “Parte do fracasso deve ser atribuída ao mau planejamento e ao treinamento inadequado. A Associated Press até informou na semana passada que os militantes e mercenários treinaram com vassouras como se fossem rifles de assalto”, disse ele.
Ele acrescentou que o plano também teria falhado devido à “falta de segurança operacional com a qual eles foram gerenciados. Proporcionando o máximo de detalhes e informações sigilosas sempre que falaram com a imprensa”, isso em referência a Goudreau.
“Qualquer membro do exército sabe que, no meio de uma ação desse tipo, nada é discutido com ninguém de fora do círculo. Obviamente, este não foi o caso aqui. Jordan Goudreau informou ao vivo sobre o número de soldados na operação até sobre os locais que entrariam. Pensando em ganhar prestígio como mercenário às custas da vida de sua equipe”, acrescentou Blanco.
O jornalista informou que toda a operação foi infiltrada “da cabeça aos pés”: “Um exemplo disso é que, há um mês, um barco de patrulha venezuelano colidiu com um navio de cruzeiro estrangeiro em busca de mercenários americanos. Também tem ocorrido apreensão de armas na fronteira há cinco semanas”, acrescentou.
Quanto às roupas dos ex-militares e voluntários da operação, Blanco relatou que estavam vestidos de pescadores, o que mostra que “foi uma infiltração e não um ataque”. Ele acrescentou que o objetivo era capturar Maduro.
Este artigo foi publicado originalmente no PanAm Post..
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