O líder opositor russo Vladimir Kara-Murza, condenado a 25 anos de prisão por alta traição e por espalhar informações falsas sobre o Exército da Rússia, foi encarcerado neste domingo em uma prisão da Sibéria, segundo informou seu advogado.
Kara-Murza, de 42 anos, foi enviado para a prisão de segurança máxima IK-6, na cidade siberiana de Omsk, a cerca de 2.700 quilômetros de Moscou.
“IK-6 é uma prisão de segurança máxima para condenados pela primeira vez. Está localizada na periferia da cidade”, escreveu Vadim Prokhorov, o advogado da opositor, no Facebook.
O opositor e jornalista crítico do Kremlin foi levado de Moscou para Omsk durante quase três semanas, em um processo especialmente traumático conhecido na Rússia como “etapirovanie” (transferência por etapas).
Ao longo do caminho, ficou detido nas prisões de Samara e Penza, na parte europeia da Rússia; em Chelyabinsk, nos Urais, e em uma prisão preventiva em Omsk.
Assim que chegou ao IK-6, no dia 21 de setembro, Kara-Murza foi trancado em uma cela de punição por ter cometido uma infração que seus advogados desconhecem.
As autoridades penitenciárias russas ordenaram a transferência do opositor sem esperar que a Justiça se pronunciasse sobre um recurso interposto por sua defesa.
Recentemente, a esposa de Kara-Murza, Yevguenia, denunciou na rede social X, o antigo Twitter, que a transferência foi realizada em segredo e às vésperas do 42º aniversário do jornalista para que não recebesse “mensagens de apoio de todo o mundo”.
A embaixada dos Estados Unidos em Moscou condenou a perseguição política ao opositor, no âmbito de um processo que considera “politicamente motivado”.
Nesse contexto, Washington exigiu “a libertação imediata do senhor Kara-Murza e de mais de 600 presos políticos na Rússia”.
Kara-Murza, que escrevia artigos de opinião para meios de comunicação como o The Washington Post, foi preso em abril por supostamente colaborar com países da OTAN e desacreditar as Forças Armadas russas em discurso proferido na Câmara dos Representantes do Arizona (EUA).
Considerado prisioneiro de consciência pela Anistia Internacional, o jornalista foi reconhecido com o Prêmio Václav Havel de Direitos Humanos 2022, outorgado pelo Conselho Europeu.
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