O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, abordou nesta sexta-feira (26) com o enviado especial da China para a região da Eurásia, Li Hui, o plano de paz chinês para a Ucrânia e as perspectivas de solução do conflito.
“Lavrov expressou sua gratidão à parte chinesa por sua posição equilibrada sobre a crise ucraniana e apreciou muito a disposição de Pequim de desempenhar um papel positivo em seu acordo”, disse o Ministério em comunicado.
O chefe da diplomacia russa insistiu no apoio de Moscou, última parada da rodada de consultas internacionais de Li, para “uma solução político-diplomática para o conflito”.
Ao mesmo tempo, destacou que “as condições criadas pela parte ucraniana e seus patrocinadores ocidentais representam um sério obstáculo para a retomada das negociações de paz”.
Lavrov e Li, que encerra em Moscou o giro que o levou à Ucrânia, Polônia, França, Alemanha e Bélgica, também concordaram em continuar reforçando a cooperação em matéria de política externa em prol da paz e da estabilidade no mundo.
Pequim sempre manteve uma “posição objetiva” e apoiou ativamente a cessação das hostilidades e “as negociações de paz”, disse o Ministério das Relações Exteriores chinês.
Foi assim que reagiu a uma informação do jornal “The Wall Street Journal”, que garante que Li levantou durante sua passagem pelas chancelarias ocidentais a necessidade de um imediato cessar-fogo e defendeu que Rússia mantenha os territórios ucranianos que já ocupam suas tropas nas quatro regiões do país vizinho que foi anexado em setembro de 2022.
Em resposta, o assessor da presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, respondeu hoje que tal compromisso significaria “a derrota da democracia, a vitória da Rússia e a preservação do regime de Putin com a consequência de um aumento drástico de conflitos na política mundial”.
“Tudo isso é o sonho acalentado da Rússia”, acrescentou no Twitter.
No último dia 18, o enviado especial chinês já garantiu em Kiev a Zelensky que “todas as partes devem criar as condições para acabar com a guerra” e “iniciar as negociações de paz”.
Por sua vez, Kiev respondeu a Li que a Ucrânia não aceitará um plano de paz que implique a perda de território.
Pequim apresentou em 24 de fevereiro um plano de paz detalhado de 12 pontos, que foi recebido com ceticismo por Ucrânia e seus aliados ocidentais.
“Muitos dos pontos incluídos no plano de paz da China estão alinhados com as posições russas e podem servir como base para um acordo pacífico, quando o Ocidente e Kiev estiverem prontos para isso”, disse em março o presidente russo, Vladimir Putin, ao término de sua reunião no Kremlin com o presidente chinês, Xi Jinping.
No final de abril e pela primeira vez desde o início da guerra, Xi teve uma conversa telefônica com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante a qual o primeiro anunciou a nomeação de um enviado especial para a Ucrânia.
Xi explicou a Zelensky que não assistiria “ao conflito de longe esperando obter benefícios” ou colocaria “mais lenha na fogueira”, dizendo que “o diálogo e a negociação” são “a única saída”.
Durante sua recente visita a Bruxelas, a União Europeia pediu à China, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que desempenhe “um papel construtivo” na promoção da “paz justa e sustentável” na Ucrânia.
A UE lembrou “a necessidade de respeitar os princípios da soberania, independência e integridade territorial e pôr fim ao derramamento de sangue e aos ataques indiscriminados contra civis através da retirada imediata e incondicional de todas as forças e equipamento militar de todo o território da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.
O secretário da Otan, Jens Stoltenberg, declarou que em sua opinião “a China não tem muita credibilidade porque não foi capaz de condenar a invasão ilegal da Ucrânia”.
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