Rússia declara como terrorista um dos escritores contemporâneos mais lidos do país

Por Agência de Notícias
18/12/2023 14:34 Atualizado: 18/12/2023 14:34

As autoridades da Rússia incluíram nesta segunda-feira Boris Akunin, um dos escritores contemporâneos mais lidos no país, na lista oficial de “extremistas e terroristas”, mantida pelo Rosfinmonitoring, o serviço federal de supervisão financeira.

Na última sexta-feira, a editora russa AST anunciou que ia deixar de publicar os livros de Akunin, de 67 anos, que vive no exterior e é um crítico da guerra na Ucrânia e das políticas do líder russo, Vladimir Putin.

“As recentes declarações dos escritores (Akunin e o poeta Dmitry Bikov), amplamente divulgadas pelos órgãos de comunicação, exigem uma avaliação jurídica”, declarou o diretor-geral da AST, Pavel Gribkov, ao anunciar a decisão da editora.

No mesmo dia, o serviço de venda de livros digitais Litres suspendeu a distribuição das obras de Akunin e uma rede de livrarias popular retirou-as de suas prateleiras.

Na sequência da inclusão de Akunin na lista de “extremistas e terroristas”, as autoridades russas abriram um processo criminal contra o escritor por “desacreditar as Forças Armadas russas”, afirmou uma fonte do Comitê de Investigação russo à agência de notícias “Interfax”.

“Ele será declarado como procurado”, acrescentou a fonte.

Akunin, pseudônimo de Grigori Chjartishvili, ganhou fama com uma série de romances ambientados na segunda metade do século 19 e início do século 20, apresentando Erast Fandorin, detetive fictício único, que se tornou um personagem cativante para os leitores.

Seu primeiro romance, “Azazel”, foi publicado em 1998 e, no mesmo ano, três outros livros com as aventuras de Fandorin foram lançados.

Nas vésperas da guerra na Ucrânia, em entrevista à Agência EFE, Akunin acusou Putin de ser um “ditador” com ambições pós-imperialistas que levou seu país a um estado de “semidesintegração”.

“Moscou considera a Ucrânia e as outras ex-repúblicas soviéticas parte de sua ‘zona de influência’ e não quer que ela diminua. Toda a crise ucraniana, desde a tomada da Crimeia até o financiamento da revolta no Donbass, é um castigo à Ucrânia porque em 2014 o novo governo decidiu dar uma guinada do Leste para o Oeste”, declarou então o escritor.