O Kremlin classificou nesta terça-feira como “imprópria” a ratificação por parte da Armênia do Estatuto de Roma, o tratado fundacional do Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu um mandado de detenção contra o presidente russo, Vladimir Putin, por supostos crimes de guerra.
“Duvidamos desde o início que, do ponto de vista das relações bilaterais, a adesão da Armênia ao Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional seja apropriada. Ainda acreditamos que é uma decisão imprópria”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, em sua coletiva de imprensa diária.
O Parlamento armênio ratificou hoje o Estatuto de Roma com 60 votos a favor e 22 contra, uma medida que Peskov havia descrito anteriormente como “muito hostil”.
“A Armênia é um Estado amigo, nosso parceiro. E, claro, temos muito em comum com o irmão povo armênio. E não temos dúvidas de que isto nos unirá para sempre”, disse hoje o porta-voz em um tom muito mais suave do que o empregado anteriormente.
Ao mesmo tempo, salientou que a Rússia tem “queixas adicionais” aos atuais líderes da Armênia, as quais já lhes foram comunicadas.
Peskov indicou ainda que a ratificação do Estatuto de Roma pela Armênia tornará necessária a procura de uma “solução diplomática” para a Rússia, que não reconhece a jurisdição do TPI.
O porta-voz acrescentou que a preparação de um documento bilateral armênio-russo que permite à Armênia não executar o mandado de prisão emitido pelo TPI contra Putin pela suposta deportação ilegal de crianças ucranianas é “apenas uma ideia do lado armênio”.
“Não está claro como poderiam garantir condições especiais, exclusões. Certamente não gostaríamos que o presidente (Putin) tivesse de abrir mão de visitar a Armênia”, comentou.
Por fim, Peskov expressou o “absoluto desacordo” do Kremlin com as declarações do primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, de que a ratificação do Estatuto de Roma se deve ao fato de a associação com a Rússia e a Organização do Tratado de Segurança Coletiva serem insuficientes para garantir a segurança da Armênia.
“O lado arménio não tem nada melhor do que estes instrumentos”, enfatizou.
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