O Exército russo anunciou nesta quarta-feira sua retirada da cidade anexada de Kherson, na Ucrânia, a única capital regional sob controle de Moscou em todo o país.
“Prossiga com a retirada das tropas e tome todas as medidas necessárias para garantir a transferência segura de tropas, armas e equipamentos para o outro lado do rio Dniepre”, ordenou o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, ao chefe do grupo de forças russas que lutam na Ucrânia, general Sergey Surovikin.
Shoigu aprovou a retirada após Surovikin admitir em seu relatório que a defesa da cidade e seus arredores na margem direita do Dniepre é “inviável”.
O general destacou que nas condições atuais, também não é possível abastecer o contingente militar russo implantado na área.
Surovikin, que assumiu o comando de todas as tropas russas na Ucrânia no início de outubro, acusou o exército inimigo de bombardear alvos civis, de escolas a hospitais.
“Não é uma decisão fácil”, reconheceu, embora tenha enfatizado que a prioridade de Moscou é proteger a vida de civis e militares.
Ele estimou que mais de 115 mil habitantes da margem direita da região foram evacuados das zonas de combate.
“Devemos levar em conta a ameaça à população civil”, enfatizou Shoigu.
Surovikin destacou que cerca de 9,5 mil militares ucranianos foram mortos ou feridos desde agosto na região que faz fronteira com a península da Crimeia, data em que as Forças Armadas ucranianas lançaram a contraofensiva em Kherson.
A Rússia, que nos últimos dois meses cedeu territórios em Donbass, no leste da Ucrânia, e que também se retirou da região oriental de Kharkov, anexou a região de Kherson em 30 de setembro, assim como os de Donetsk, Lugansk e Zaporizhzhya, sem controlá-los em sua totalidade.
Reação ucraniana diante das informações
O assessor do gabinete presidencial ucraniano, Mikhail Podolyak, reagiu com ceticismo nesta quarta-feira ao anúncio do Exército russo de que se retirará da anexada cidade de Kherson, na Ucrânia.
“As ações falam mais do que as palavras. Não vemos sinais de que a Rússia deixará Kherson sem luta”, escreveu o assessor no Twitter.
Podolyak disse que as tropas russas ainda se encontram na cidade do sul da Ucrânia – a única capital regional tomada pela Rússia desde o início da invasão – e que efetivos adicionais estão sendo redirecionados para a região.
“A Ucrânia está libertando território com base em dados dos serviços secretos e não com base em declarações encenadas na televisão”, declarou, referindo-se à ordem de retirada do ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu.
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