Uma ruptura nas Forças Armadas faria Maduro e suas milícias caírem, diz Bolsonaro

"A intenção dos EUA e nossa também é que haja uma ruptura, uma divisão, no exército venezuelano. Não há outro caminho"

09/04/2019 16:03 Atualizado: 09/04/2019 16:03

Por Anastasia Gubin, Epoch Times

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, falou sobre a situação da Venezuela em entrevista divulgada em 8 de abril pela emissora de rádio Jovem Pan News e disse que grupos terroristas do país vizinho não podem entrar em seu país e que o regime de Maduro não pode transformar a Venezuela em outra Cuba ou Coreia do Norte.

O presidente espera que uma “ruptura nas Forças Armadas venezuelanas” seja criada para que os militares possam enfrentar a guerrilha e restaurar a democracia.

Em relação às conversações entre o Brasil e os Estados Unidos realizadas na segunda-feira sobre a ditadura de Chávez, ele disse que “todas as possibilidades estão na mesa”.

“São várias as possibilidades. Por que não?”, ele acrescentou. O vice-presidente Hamilton Mourão se reuniu na segunda-feira (8), em Washington, com o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. A contribuição de Cuba para a manutenção do regime de ditadura de Nicolás Maduro considerado “narco-comunista” estava na agenda.

Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) da Venezuela montam guarda na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, localizada na cidade de Pacaraima, no domingo (7) (Joédson Alves/EFE)
Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) da Venezuela montam guarda na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, localizada na cidade de Pacaraima, no domingo (7) (Joédson Alves/EFE)

“Agora, o que o Brasil pode fazer? Vamos supor que ocorra uma invasão militar lá, a decisão será minha, mas vou ouvir o Conselho de Defesa Nacional e depois o Parlamento brasileiro para tomar uma decisão sobre essa questão”, afirmou.

A questão, disse Bolsonaro, é “não deixar a Venezuela, que não pode continuar como está, com o povo sofrendo e com grande parte deles fugindo para a Colômbia ou para o Brasil. Temos que acabar com isso”.

“A fraqueza de Maduro é a força da ditadura… Por que isso? Quem decide no lugar de Maduro são 2.000 generais. A maioria que decide lá é de traficantes de drogas, os cubanos, são 60 mil cubanos, para quem são enviados 30 mil barris de petróleo por dia, e as milícias”, disse o presidente.

Bolsonaro expressou sua preocupação quanto aos “terroristas” venezuelanos que “agem na Colômbia e podem vir para o Brasil”.

Membros mascarados de um "coletivo" de milicianos, as células do regime de Nicolás Maduro, participam de uma manifestação em Caracas em 7 de janeiro de 2019. Os membros do "coletivo" são chamados de revolucionários e bandidos (YURI CORTEZ / AFP / Getty Images)
Membros mascarados de um “coletivo” de milicianos, as células do regime de Nicolás Maduro, participam de uma manifestação em Caracas em 7 de janeiro de 2019. Os membros do “coletivo” são chamados de revolucionários e bandidos (YURI CORTEZ / AFP / Getty Images)

“Nós não podemos deixá-los. Interessa muito mais a nós do que aos americanos (…) Não podemos deixar a Venezuela se transformar em uma nova Cuba ou mesmo em uma Coreia do Norte.”

“Quando se fala de uma invasão militar”, disse Bolsonaro, tem-se uma noção teórica sobre isso. “No Brasil ninguém quer que haja uma guerra real”, onde as pessoas perdem a vida.

O presidente ressaltou que na América do Sul não se fala de uma Segunda Guerra Mundial, porque o que acontece é que “na Venezuela é a guerrilha que está presente”.

“A topografia é que permite isso, o problema é quanto tempo vamos deixar como está.”

Membros mascarados de um "coletivo", células do regime de Nicolás Maduro, participam de uma manifestação em Caracas em 7 de janeiro de 2019. Os membros do "coletivo" são chamados revolucionários e bandidos (YURI CORTEZ / AFP / Getty Images)
Membros mascarados de um “coletivo”, células do regime de Nicolás Maduro, participam de uma manifestação em Caracas em 7 de janeiro de 2019. Os membros do “coletivo” são chamados revolucionários e bandidos (YURI CORTEZ / AFP / Getty Images)

“Talvez com o embargo econômico, o regime possa ser pressionado a cair. Quando surgiu a ideia de ajuda econômica, uma grande parte do objetivo foi alcançada, os indígenas foram contra o governo de Maduro e uma grande parte da população ficou contra o regime de Maduro”.

“A intenção dos Estados Unidos e nossa também é que haja uma ruptura, uma divisão, no exército venezuelano. Não há outro caminho porque quem decide, como eu disse há muito tempo e fui criticado, se um país está em uma democracia ou ditadura são as Forças Armadas”, disse ele.

“Quem mantém Maduro, quem manteve Chávez, são as Forças Armadas!”, concluiu.

Petroleiros permanecem ancorados em frente à refinaria de petróleo Isla, que é arrendada pela petroleira estatal venezuelana PDVSA em Willemstad, Curaçao, nas Antilhas Holandesas, em 22 de fevereiro de 2019 (LUIS ACOSTA / AFP / Getty Images)
Petroleiros permanecem ancorados em frente à refinaria de petróleo Isla, que é arrendada pela petroleira estatal venezuelana PDVSA em Willemstad, Curaçao, nas Antilhas Holandesas, em 22 de fevereiro de 2019 (LUIS ACOSTA / AFP / Getty Images)

Cuba e Venezuela

Cuba, Venezuela e petróleo estão efetivamente interligados. O primeiro país que Fidel Castro visitou 21 dias depois de tomar o poder em Cuba, em 24 de janeiro de 1959, foi a Venezuela, em busca de ouro negro, mas o presidente venezuelano Rómulo Betancourt, que o ajudou com armas, exigia eleições democráticas.

Betancourt então negou ao regime de Castro o fornecimento estável de petróleo sob condições favoráveis, posteriormente feitas por Chávez e Maduro, aliados da formação cubana. Seis meses após a reunião de Betancourt com Castro, o presidente venezuelano sofreu um atentado a bomba que desfigurou seu rosto com queimaduras e matou o chefe da Casa Militar, segundo o relatório histórico da ABC. Castro passou a financiar o grupo guerrilheiro da região, chamado de Forças Armadas de Libertação, que tentou um golpe na Venezuela, fato denunciado à OEA.

Fidel Castro havia enganado seu povo, assim como declarou sua irmã, Juanita Castro, em uma entrevista anterior, e também enganou seus colaboradores na América do Sul, que o financiaram. Depois que o ditador Batista deixou Cuba em 2 de janeiro de 1959, pressionado pelos protestos em massa, junto com Che Guevara e sua guerrilha, Castro entrou triunfalmente para saquear Havana. Em vez de eleições, ele declarou através do rádio, de acordo com uma citação do relatório, “a guerra não acabou”. Sua manipulação do poder com base nesta batalha de guerrilha não acabou. foi isso o que ele exportou para a Venezuela e é o que seus vizinhos enfrentam, o Brasil e a Colômbia.