Rui Pinto, o ‘Snowden português’, ameaça estouro de novos escândalos

30/01/2020 15:47 Atualizado: 30/01/2020 15:47

Por EFE

Lisboa, 30 jan – Conhecido como o ‘Snowden português’, o hacker português Rui Pinto alertou nesta quinta-feira de dentro da cadeia que, depois do Futebol Leaks e do Luanda Leaks, ainda há bastantes informações a serem divulgadas e afirmou que prendê-lo foi uma tentativa de calar as denúncias.

Acusado de quase 100 delitos e preso desde março do ano passado depois da divulgação de documentos que revelaram práticas ilegais no meio do futebol, Pinto usou o Twitter nesta quinta-feira para denunciar a situação.

“Penso que os portugueses já perceberam que a minha prisão preventiva prolongada e desproporcionada tem como principal objetivo silenciar as minhas denúncias e manter escândalos como as fugas de Luanda debaixo das sete chaves”, declarou o hacker, referindo-se à fuga que precipitou a queda de Israel dos Santos, a mulher mais rica da África.

“Se dependesse da polícia judiciária ou do Ministério Público português, esta informação nunca teria chegado ao público, nem as autoridades angolanas teriam sido informadas da existência destes dados. E ainda há muitas coisas que os portugueses merecem saber”, completou.

Sob o nome fictício de “John”, Pinto entregou no final de 2018 à Plataforma para a Proteção dos Denunciantes na África (PPLAAF) mais de 700 mil arquivos que compõem o Luanda Leaks. Isso além de ter provocado um terremoto no mundo financeiro em Portugal, onde a filha do ex-presidente angolano costurou uma grande parte da sua rede de empresas.

“Acho que os cidadãos portugueses já perceberam que a minha prisão preventiva prolongada e desproporcionada tem como principal objetivo silenciar as minhas queixas e manter escândalos como as fugas de Luanda a sete chaves”, disse, referindo-se à fuga que precipitou a queda de Isabel dos Santos, a mulher mais rica de África.

Em torno da figura do jovem hacker de 30 anos, cresce a controvérsia entre aqueles que defendem seu trabalho na luta contra a corrupção e aqueles que consideram que ele se apropriou da informação por métodos ilegais em seu próprio benefício.

“Se dependesse da polícia judiciária ou do Ministério Público português, esta informação nunca teria chegado ao público, nem as autoridades angolanas teriam sido informadas da existência destes dados”, destacou.

Nascido em Vila Nova de Gaia, na região metropolitana do Porto, Pinto estudou história, fala cinco idiomas e viveu em Budapeste, onde foi preso e extraditado para Portugal em março do ano passado. Ele é acusado pelo sistema judicial português de 90 crimes, incluindo sabotagem informática e tentativa de extorsão.