Os danos sofridos na barragem de Nova Kakhovka causaram uma grave queda do nível da água no reservatório usado para resfriar a usina nuclear de Zaporizhzhya (ZNPP), que continua baixando a uma taxa de cinco centímetros por hora, apesar de atualmente não representar nenhum “risco imediato” à segurança.
A afirmação foi feita nesta terça-feira pelo diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, em comunicado no qual especificou que o nível da água no reservatório “estava em cerca de 16,4 metros às 8 da manhã” e que, “se cair abaixo de 12,7 metros, não pode mais ser bombeada”.
No entanto, “existem várias fontes alternativas de água”, destacou Grossi na nota, que transcreve as palavras proferidas hoje pelo diretor-geral em uma reunião em Viena do Conselho de Governadores da entidade.
Grossi relatou que a barragem atacada, localizada em território ocupado pelos russos na região de Kherson, no sul da Ucrânia, “sofreu danos significativos”, que por sua vez causaram “uma queda significativa no nível da água no reservatório usado para fornecer água de refrigeração à ZNPP”.
O diretor-geral da AIEA lembrou o papel crucial que a água desempenha como elemento de resfriamento para remover o calor residual de reatores, piscinas de combustível irradiado e geradores a diesel de emergência (quando estão em funcionamento).
“A ausência de água de resfriamento em sistemas essenciais por um período prolongado causaria a fusão do combustível e a inoperacionalidade de geradores a diesel de emergência”, afirmou.
Especialistas da AIEA que estão na ZNPP, a maior usina nuclear da Europa, localizada no sudeste da Ucrânia e controlada pela Rússia, “foram informados” de que os danos em Kakhovka “estão causando uma redução de cerca de cinco centímetros por hora no nível do reservatório”.
“A equipe continua monitorando esta taxa e todas as outras questões no local. No entanto, nossa avaliação atual é que não há risco imediato para a segurança da usina”, explicou Grossi.
Na usina, todo esforço está sendo feito para bombear o máximo de água possível para seus canais de resfriamento e sistemas relacionados. Além disso, para reduzir o consumo de água, está sendo cortada a água não essencial, segundo informaram membros da missão da organização no terreno.
A direção da usina “está analisando outras medidas” e, por outro lado, “existem várias fontes alternativas de água”, frisou o diretor-geral.
Entre as alternativas à represa, Grossi citou uma grande lagoa de arrefecimento localizada junto à instalação e acima da altura da barragem.
Como os reatores estão parados há muitos meses, estima-se que esta lagoa seja suficiente para fornecer água de resfriamento por alguns meses.
“É vital que esta lagoa de refrigeração permaneça intacta. Nada deve ser feito que possa prejudicar a sua integridade. Peço a todas as partes que assegurem que nada seja feito para prejudicá-la”, declarou Grossi, lembrando que viajará na próxima semana a Zaporizhzhya.
A empresa pública ucraniana de energia nuclear, Energoatom, alertou hoje que o funcionamento da ZNNP pode ser afetado, embora também tenha garantido que no momento a situação está controlada.
Moscou e Kiev se acusam mutuamente pela destruição na noite passada da barragem da usina hidrelétrica de Nova Kakhovka, que, localizada às margens do rio Dnieper, transbordou após o rompimento de uma de suas barragens.
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