Um plano para assassinar o meio-sobrinho do líder norte-coreano Kim Jong-un foi exposto, de acordo com uma fonte na Coreia do Norte.
Segundo o jornal JooonAng Iblo, sete agentes norte-coreanos estiveram envolvidos num complô para assassinar o filho de Kim Jong-nam, que foi morto por envenenamento no início deste ano.
Dois agentes foram presos em Pequim, capital da China, informou o jornal sul-coreano em 30 de outubro, citando uma fonte na Coreia do Norte.
Kim Han-sol, de 22 anos, é filho de Kim Jong-nam, o falecido meio-irmão do líder do Partido Comunista Norte-Coreano.
“Agentes especiais pertencentes à equipe de reconhecimento da Coreia do Norte penetraram [na China] para remover Kim Han-sol, mas alguns deles foram presos na semana passada pelo Ministério da Segurança Nacional da China e atualmente estão sob investigação em instalações fora de Pequim”, disse um ex-oficial norte-coreano, de acordo com o jornal.
O oficial disse que a equipe de sete agentes tentou identificar a localização do meio-sobrinho do líder norte-coreano e estabelecer uma rota de acesso, informou o JoongAng.
O plano de assassinato foi identificado pelo reforçado aparato de segurança em preparação para a conferência do Partido Comunista Chinês.
Duas mulheres estão atualmente em julgamento pelo assassinato de Kim Jong-nam, que foi morto num aeroporto da Malásia em fevereiro, com as agências de inteligência norte-americanas e sul-coreanas apontando o dedo para agentes norte-coreanos.
A família do líder norte-coreano está cercada de sigilo, com o fluxo de informações que entra e sai da ditadura militar firmemente controlado.
Essa aura de mistério acompanha inclusive os membros da família mesmo quando estão fora das fronteiras norte-coreanas.
Especulasse que Han-sol esteja em busca de refúgio legal fora da Coreia do Norte, segundo analistas. No entanto, ele deve fazer isso secretamente para evitar provocar a sensível liderança em Pyongyang.
Seu pai teria considerado oficialmente desertar antes de ter sido morto.
Kim Han-sol vive atualmente em Macau, na casa de sua mãe, sob proteção “ferrenha”, de acordo com o Korean Herald.
“Ele tem dito às pessoas ao seu redor que está feliz que sua família esteja segura, mas o programa de proteção é sufocante. Ele também consume álcool diariamente, enquanto diz que tinha mais liberdade quando podia trabalhar em Macau”, afirmou a mídia sul-coreana TV Chosun em 9 de outubro, de acordo com o Herald.
Han-sol nasceu na Coreia do Norte e mudou-se para Macau na década de 2000, quando seu pai foi exilado. Ele também viveu na Europa.
A verdadeira relação de Han-Sol com o regime norte-coreano e seu status de imigração não estão claros.
Apesar de algumas observações feitas na juventude sobre seu tio ser um ditador, ele nunca falou explicitamente contra o regime.
Aos 17 anos, numa entrevista de 2012 para uma emissora de TV finlandesa, ele disse: “Sempre sonhei que um dia eu voltaria e faria as coisas melhores, que tornaria as coisas mais fáceis para as pessoas lá.” Ele também falou sobre o seu sonho de unificação entre a Coreia do Norte e do Sul.
Han-sol provocou um rebuliço quando um vídeo dele apareceu em 7 de março, após a morte recente de seu pai.
“Meu nome é Kim Han-sol da Coreia do Norte, parte da família Kim”, disse ele em inglês, explicando que estava com sua mãe e irmã.
A autenticidade do vídeo foi inicialmente questionada, uma vez que foi postado num website que apareceu apenas alguns dias antes, aparentemente pertencente a uma organização recém-formada que oferece proteção e assistência aos que escapam da Coreia do Norte.
Alguns acreditam que a organização Cheollima Civil Defense poderia ser dirigida por agentes de inteligência estrangeiros ou criada para servir de intermediária entre altos funcionários norte-coreanos e governos estrangeiros. Adicionando a confusão, Cheollima se refere a um cavalo voador mítico, mas é comumente usado como um símbolo de propaganda na Coreia do Norte.
As autoridades de inteligência sul-coreanas verificaram mais tarde que a pessoa no vídeo era de fato Han-sol, de acordo com as mídias Yonhap e Reuters.
Teoricamente, Han-sol teria mais legitimidade para herdar a liderança do Partido Comunista Norte-Coreano do que o atual líder Kim Jong-un, porque sua mãe é coreana. A mãe de Jong-un é japonesa, potencialmente enfraquecendo sua posição, de acordo com uma matéria no New Yorker.
Explicando como a legitimidade ainda está ligada à tradição coreana, Suki Kim escreveu: “De acordo com o sistema de castas norte-coreano, chamado songbun, pessoas nascidas no Japão ou Coreia do Sul, os arqui-inimigos da nação, são categorizadas numa classe mais baixa – a herança materna de Kim Jong-un seria considerada ‘impura’.”