Revelado plano para assassinar meio-sobrinho do líder da Coreia do Norte

02/11/2017 22:01 Atualizado: 02/11/2017 22:01

Um plano para assassinar o meio-sobrinho do líder norte-coreano Kim Jong-un foi exposto, de acordo com uma fonte na Coreia do Norte.

Segundo o jornal JooonAng Iblo, sete agentes norte-coreanos estiveram envolvidos num complô para assassinar o filho de Kim Jong-nam, que foi morto por envenenamento no início deste ano.

Dois agentes foram presos em Pequim, capital da China, informou o jornal sul-coreano em 30 de outubro, citando uma fonte na Coreia do Norte.

Kim Han-sol, de 22 anos, é filho de Kim Jong-nam, o falecido meio-irmão do líder do Partido Comunista Norte-Coreano.

“Agentes especiais pertencentes à equipe de reconhecimento da Coreia do Norte penetraram [na China] para remover Kim Han-sol, mas alguns deles foram presos na semana passada pelo Ministério da Segurança Nacional da China e atualmente estão sob investigação em instalações fora de Pequim”, disse um ex-oficial norte-coreano, de acordo com o jornal.

O oficial disse que a equipe de sete agentes tentou identificar a localização do meio-sobrinho do líder norte-coreano e estabelecer uma rota de acesso, informou o JoongAng.

O plano de assassinato foi identificado pelo reforçado aparato de segurança em preparação para a conferência do Partido Comunista Chinês.

(À esquerda) O atual líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e (à direita) seu meio-irmão, Kim Jong-nam, ambos filhos do ex-líder norte-coreano Kim Jong-il. (Ed Jones/Toshifumi Kitamura/AFP/Getty Images)
(À esquerda) O atual líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e (à direita) seu meio-irmão, Kim Jong-nam, ambos filhos do ex-líder norte-coreano Kim Jong-il. (Ed Jones/Toshifumi Kitamura/AFP/Getty Images)

Duas mulheres estão atualmente em julgamento pelo assassinato de Kim Jong-nam, que foi morto num aeroporto da Malásia em fevereiro, com as agências de inteligência norte-americanas e sul-coreanas apontando o dedo para agentes norte-coreanos.

A família do líder norte-coreano está cercada de sigilo, com o fluxo de informações que entra e sai da ditadura militar firmemente controlado.

Essa aura de mistério acompanha inclusive os membros da família mesmo quando estão fora das fronteiras norte-coreanas.

Especulasse que Han-sol esteja em busca de refúgio legal fora da Coreia do Norte, segundo analistas. No entanto, ele deve fazer isso secretamente para evitar provocar a sensível liderança em Pyongyang.

Seu pai teria considerado oficialmente desertar antes de ter sido morto.

Kim Han-sol vive atualmente em Macau, na casa de sua mãe, sob proteção “ferrenha”, de acordo com o Korean Herald.

“Ele tem dito às pessoas ao seu redor que está feliz que sua família esteja segura, mas o programa de proteção é sufocante. Ele também consume álcool diariamente, enquanto diz que tinha mais liberdade quando podia trabalhar em Macau”, afirmou a mídia sul-coreana TV Chosun em 9 de outubro, de acordo com o Herald.

A indonésia Siti Aisyah é acompanhada por policiais após comparecer no Departamento de Química da Malásia em Petaling Jaya, na periferia da capital de Kuala Lumpur, em 9 de outubro de 2017, como parte do julgamento em andamento por seu suposto envolvimento no assassinato de Kim Jong-nam, o meio-irmão do atual líder norte-coreano Kim Jong-un. (Mohd Rasfan/AFP/Getty Images)
A indonésia Siti Aisyah é acompanhada por policiais após comparecer no Departamento de Química da Malásia em Petaling Jaya, na periferia da capital de Kuala Lumpur, em 9 de outubro de 2017, como parte do julgamento em andamento por seu suposto envolvimento no assassinato de Kim Jong-nam, o meio-irmão do atual líder norte-coreano Kim Jong-un. (Mohd Rasfan/AFP/Getty Images)

Han-sol nasceu na Coreia do Norte e mudou-se para Macau na década de 2000, quando seu pai foi exilado. Ele também viveu na Europa.

A verdadeira relação de Han-Sol com o regime norte-coreano e seu status de imigração não estão claros.

Apesar de algumas observações feitas na juventude sobre seu tio ser um ditador, ele nunca falou explicitamente contra o regime.

Aos 17 anos, numa entrevista de 2012 para uma emissora de TV finlandesa, ele disse: “Sempre sonhei que um dia eu voltaria e faria as coisas melhores, que tornaria as coisas mais fáceis para as pessoas lá.” Ele também falou sobre o seu sonho de unificação entre a Coreia do Norte e do Sul.

Han-sol provocou um rebuliço quando um vídeo dele apareceu em 7 de março, após a morte recente de seu pai.

“Meu nome é Kim Han-sol da Coreia do Norte, parte da família Kim”, disse ele em inglês, explicando que estava com sua mãe e irmã.

A autenticidade do vídeo foi inicialmente questionada, uma vez que foi postado num website que apareceu apenas alguns dias antes, aparentemente pertencente a uma organização recém-formada que oferece proteção e assistência aos que escapam da Coreia do Norte.

Alguns acreditam que a organização Cheollima Civil Defense poderia ser dirigida por agentes de inteligência estrangeiros ou criada para servir de intermediária entre altos funcionários norte-coreanos e governos estrangeiros. Adicionando a confusão, Cheollima se refere a um cavalo voador mítico, mas é comumente usado como um símbolo de propaganda na Coreia do Norte.

As autoridades de inteligência sul-coreanas verificaram mais tarde que a pessoa no vídeo era de fato Han-sol, de acordo com as mídias Yonhap e Reuters.

Teoricamente, Han-sol teria mais legitimidade para herdar a liderança do Partido Comunista Norte-Coreano do que o atual líder Kim Jong-un, porque sua mãe é coreana. A mãe de Jong-un é japonesa, potencialmente enfraquecendo sua posição, de acordo com uma matéria no New Yorker.

Explicando como a legitimidade ainda está ligada à tradição coreana, Suki Kim escreveu: “De acordo com o sistema de castas norte-coreano, chamado songbun, pessoas nascidas no Japão ou Coreia do Sul, os arqui-inimigos da nação, são categorizadas numa classe mais baixa – a herança materna de Kim Jong-un seria considerada ‘impura’.”