Resultados das eleições nos EUA frustram expectativas de Pequim, mas Trump e Xi ainda podem chegar a um acordo

Economista prevê que acordo comercial entre Estados Unidos e China será assinado em 2019

11/11/2018 15:42 Atualizado: 11/11/2018 15:42

Por Nicole Hao, Epoch Times

Os resultados das eleições de médio prazo de 2018 nos Estados Unidos não ajudaram os objetivos geopolíticos do regime comunista chinês, que empregou seu braço de propaganda no exterior para influenciar os eleitores nas principais regiões dos Estados Unidos.

Pequim pode ser forçada a fazer concessões quando o líder chinês, Xi Jinping, se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma cúpula marcada para o final deste mês, devido à crescente tensão resultante da pressão econômica interna e à guerra comercial entre China e Estados Unidos.

Em 8 de novembro, os republicanos controlavam 51 cadeiras no Senado contra 44 cadeiras do Partido Democrata, enquanto os democratas conquistaram a maioria na Câmara dos Deputados, com 225 cadeiras em comparação às 197 cadeiras do Partido Republicano.

Na manhã de 7 de novembro, dia seguinte à eleição, Trump escreveu em um tuíte: “Eu recebi tantos parabéns por nossa Grande Vitória da noite passada, incluindo de nações estrangeiras (amigas) que estavam esperando por mim, e ansiando por acordos comerciais. Agora todos podemos voltar a trabalhar e fazer as coisas!”

Muitos republicanos que mantiveram ou conquistaram seus cargos são defensores da política de Trump de endurecer as relações com a China. O objetivo do governo Trump de obter concessões chinesas nas relações comerciais está lentamente ganhando apoio bipartidário de vários líderes democratas que são a favor do aumento das tarifas de Washington sobre o aço e o alumínio chineses, apesar de sua oposição ao presidente em outros assuntos.

Vice-presidente Mike Pence discursa no Instituto Hudson sobre a política do governo Trump para a China, em Washington, em 4 de outubro de 2018 (Jim Watson/AFP/Getty Images)
Vice-presidente Mike Pence discursa no Instituto Hudson sobre a política do governo Trump para a China, em Washington, em 4 de outubro de 2018 (Jim Watson/AFP/Getty Images)

Sherrod Brown, senador democrata de Ohio que venceu o republicano Jim Renacci, informou que “eu apoiei as tarifas sobre o aço desde o início, porque a fraude chinesa custou empregos para muitos siderúrgicos de Ohio”.

Ohio é um estado industrial e a manufatura contribui para uma parte significativa da economia local.

Em Iowa, onde o jornal China Daily, controlado pelo Partido Comunista Chinês, publicou uma inserção no jornal Des Moines Register criticando as políticas comerciais de Trump porque seriam prejudiciais aos agricultores da região, o governador republicano Kim Reynolds prevaleceu contra o rival democrata Fred Hubbell. Os republicanos consolidaram suas maiorias tanto na Câmara dos Deputados como no Senado para esse estado.

A democrata Abby Finkenauer, que derrotou o republicano Rod Blum na Câmara dos Deputados, disse durante a campanha que sua irmã e seu cunhado eram fazendeiros cultivadores de milho e soja. Segundo ela, os dois foram afetados pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, depois que a China impôs tarifas de 25% sobre os produtos agrícolas norte-americanos.

Finkenauer se pronunciou contra a política comercial de Trump, dizendo que “as tarifas devem ser justas”.

Em julho, a mídia CGTN (China Global Television Network), controlada pelo regime chinês, publicou uma animação em inglês, “Monólogo da soja”, na qual afirmava que Trump era responsável pela China ter transferido suas compras de soja para Brasil e Argentina. A animação incentivava os telespectadores norte-americanos a escolher “a pessoa certa” nas eleições de meio de mandato.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, citando oficiais de inteligência, disse em um discurso em outubro que “a China aponta para os governos e autoridades estaduais e locais nos Estados Unidos para explorar qualquer divisão entre os níveis federal e local em questões políticas”. Ela está usando questões controversas, como as tarifas comerciais, para promover a influência política de Pequim”.

Contudo, os resultados gerais das eleições intercalares não sugerem que o PCC tenha conseguido seu intento.

Líder da minoria na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi (democrata da Califórnia), participa de coletiva de imprensa após as eleições de meio de ano de 2018 no Capitólio, em Washington, em 7 de novembro (Zach Gibson/Getty Images)
Líder da minoria na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi (democrata da Califórnia), participa de coletiva de imprensa após as eleições de meio de ano de 2018 no Capitólio, em Washington, em 7 de novembro (Zach Gibson/Getty Images)

A Forbes publicou em 5 de novembro uma análise feita por Kenneth Rapoza, jornalista especializado em negócios, com o título “Caro regime chinês, os democratas não vão salvá-lo“.

No artigo, Rapoza disse que tanto os republicanos quanto os democratas apoiam tarifas justas sobre os produtos chineses.

Ele mencionou a líder da minoria na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, que provavelmente se tornará presidente da Câmara depois de colocar os democratas como maioria. Em um comunicado de imprensa, Pelosi disse:

“O relatório de investigação do Representante Comercial dos Estados Unidos sobre roubo de propriedade intelectual praticado pela China é um bom primeiro passo, mas é preciso muito mais para abordar todo o espectro do mau comportamento da China.” As barreiras regulatórias de Pequim, os requisitos de localização, os abusos trabalhistas, a política anticompetitiva ‘Made in China 2025’ e muitas outras práticas comerciais desleais exigem uma resposta completa e abrangente. As tarifas anunciadas hoje devem ser usadas como ponto de apoio para negociar um comércio mais justo e aberto para os produtos norte-americanos na China.”

Larry Kudlow, conselheiro econômico da Casa Branca, disse em julho: “Xi parece pensar que se ele esperar pelas eleições de novembro, Trump vai enfraquecer e, portanto, afrouxar a mordida. Essa é uma aposta muito ruim”.

Com proeminentes republicanos e democratas mais ou menos alinhados com a política sobre a China, Trump estará chegando ao seu encontro com Xi na cúpula do G20 com uma confiança bipartidária.

Allan von Mehren, analista-chefe do Danske Bank e economista especializado em China, acredita que há 60% de chance de ver uma reunião positiva entre Trump-Xi em que ambos os líderes alcançarão “um quadro claro para a negociação com um lista de demandas e um plano para trabalhar nelas uma por uma”.

Von Mehren prevê que Pequim e Washington assinarão um acordo comercial em 2019.