Relatório da ONU: bombardeios de Trump a bases de Assad justificados

06/11/2017 13:01 Atualizado: 06/11/2017 13:52

As Nações Unidas confirmaram que o regime de Assad na Síria usou armas químicas contra civis em abril, validando a decisão do Governo Trump de lançar ataques aéreos em retaliação em uma base aérea de Assad.

O regime de Assad matou mais de 100 pessoas com armas químicas de gás sarin em 4 de abril na cidade síria de Khan Sheikhoun. Muitas das vítimas eram mulheres e crianças. A gestão Trump respondeu rapidamente ao ataque, lançando cerca de 50 mísseis Tomahawk a partir de navios de guerra posicionados no Mar Mediterrâneo, atingindo uma base aérea de Assad em Homs.

O regime de Assad negou que estivesse por trás do ataque, e a Rússia, principal patrocinador de Assad, também defendeu a posição de Assad nas Nações Unidas. Na época, os ataques à base aérea de Assad foram a ação direta mais forte dos Estados Unidos em seis anos de guerra na Síria.

Em 26 de outubro, no entanto, a ONU publicou um relatório que “concluiu com confiança que o regime de Assad usou a arma química sarin em 4 de abril de 2017, em Khan Shaykhun, matando mais de 100 de seus cidadãos, muitos dos quais eram crianças e as mulheres”, declarou em 2 de novembro a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders.

A investigação foi conduzida pelo Mecanismo de Investigação Conjunta da Organização pela Proibição de Armas Químicas (JIM, na sigla em inglês), um órgão técnico independente estabelecido por unanimidade do Conselho de Segurança da ONU.

Sanders disse: “Este ataque inconcebível marca a quarta vez que o JIM confirmou que o regime de Assad usava armas químicas, ressaltando a brutal e horripilante barbárie de Bashar al-Assad e tornando a proteção da Rússia ainda mais flagrante”.

A Rússia impediu oito vezes o Conselho de Segurança da ONU de responsabilizar países ​​pelo uso de armas químicas, incluindo o regime Assad, e está tentando barrar também a investigação da JIM.

Sanders disse durante uma conferência de imprensa em 24 de outubro que, “ao bloquear o alcance do Mecanismo de Investigação Conjunta, a Rússia demonstrou uma vez mais que não se preocupa de impedir o uso bárbaro de armas químicas no mundo e fará o que for necessário para proteger seu aliado, o regime Assad”.

Sanders disse que o movimento da Rússia era equivalente a um endosso “do uso pelo regime de Assad de armas químicas contra mulheres e crianças inocentes. Continuaremos a nos voltar contra isso”.

Com a publicação do relatório da ONU, a postura da gestão Trump ganhou mais peso. Sanders ganhou mais força contra as tentativas da Rússia de minar ou eliminar o JIM e disse que esta demonstra “um insensível desprezo pelo sofrimento e perda de vidas causadas pelo uso de armas químicas e uma absoluta falta de respeito pelas normas internacionais”.

“Todos aqueles que usam armas químicas devem ser responsabilizados”, disse Sanders. Ela acrescentou que os EUA estão pressionando o Conselho de Segurança da ONU a renovar o mandato do JIM para que ele possa continuar a identificar as nações por trás de tais ataques “e enviar uma mensagem clara de que o uso de armas químicas não será tolerado”.

“Os países que falham em apoiar o trabalho dos investigadores independentes estão em oposição direta a todos os padrões de conduta internacional razoável”, disse ela.

Sabe-se há muito tempo que o uso de armas químicas pela Síria não é um problema isolado. O regime de Assad foi ajudado por vários outros países em seus programas de armas químicas.

Enquanto explicava a posição americana sobre o Irã, o presidente Donald Trump disse no dia 13 de outubro que “na Síria, o regime iraniano apoiou as atrocidades do regime de Bashar al-Assad e tolerou o uso de armas químicas por Assad contra civis indefesos, incluindo muitas crianças”.

Em 2013, depois que o regime Assad lançou um ataque anterior contra forças rebeldes e civis usando gás sarin, um ex-agente da NSA disse ao Epoch Times que os programas de armas químicas de Assad foram abastecidos pela Rússia, China, Irã, Iraque e Coreia do Norte.

“Eles estão recebendo muitas embarcações da China e da Rússia”, disse Terry Minarcin, agente aposentado da NSA, durante uma entrevista anterior. Ele acrescentou que, desde a Guerra do Irã e do Iraque na década de 1980, a União Soviética e mais tarde a Rússia enviaram carregamentos de armas químicas e biológicas para a Síria, o Iraque e partes do Líbano.

“A China se envolveu porque eles eram o intermediário entre a Coreia do Norte e o Irã para o desenvolvimento de mísseis e, mais tarde, para algumas das tecnologias de fabricação de armas nucleares”, afirmou.

Um relatório não partidário de 2013 do Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos também atestou que o regime de Assad possuía estoques de gás nervoso sarin e de gás mostarda, os quais eram “possivelmente acopladas a bombas, projéteis e mísseis, e instalações integradas de produção”.

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