Por Nick Gutteridge, especial para o Epoch Times
BRUXELAS – A União Europeia e a OTAN deveriam tomar medidas “robustas”, inclusive considerando sanções, para conter a crescente ameaça que o investimento chinês representa para as democracias ocidentais, propôs um novo relatório.
A Alliance for Securing Democracy, um grupo de defesa transatlântica que está alojado no Fundo Marshall dos Estados Unidos, adverte que Pequim está usando sua força econômica para “tornar o mundo mais propício ao autoritarismo”.
O documento diz que a Europa se tornou “dividida” entre as principais questões de segurança colocadas pela China, incluindo se a gigante de telecomunicações estatal Huawei deveria poder fornecer serviços 5G no continente.
O relatório critica os governos da UE e a OTAN por não levarem a ameaça representada pelas ações da China tão seriamente quanto as da Rússia, afirmando que ambos os países estão tentando enfraquecer fatalmente o Ocidente. Ele afirma que Pequim está usando investimentos em grande escala, especialmente em países como Grécia e República Tcheca, como “alavancagem para limitar a capacidade da UE de combater a China diplomaticamente”.
Os autores apontam que Atenas, em particular, tem uma história de vetar uma abordagem europeia mais dura em relação às transgressões chinesas, especialmente em questões como violações de direitos humanos.
Uma empresa estatal chinesa comprou uma participação de controle no porto de Piraeus, perto da capital grega, em 2016, em um movimento que girou em torno das fortunas da instalação, mas alarmou alguns aliados europeus.
O relatório afirma: “a Rússia e a China estão explorando seus recursos nacionais e sua atividade comercial para ganhar influência sobre os governos europeus, enfraquecê-los, forçar mudanças na política e cultivar aliados influentes”.
O relatório também adverte sobre as tentativas da China de dividir a UE, desenvolvendo relações com “estados europeus mais amigáveis”, ao custo da união da UE.
“Com a China prometendo bilhões de euros, muitos países europeus enfrentam uma escolha entre ganhos econômicos pragmáticos de curto prazo e sua abordagem estratégica de longo prazo para desafios emergentes”.
O estudo mostra que Pequim e Moscou se sentem capazes de agir com impunidade porque não acreditam que haverá repercussões de uma UE que é freqüentemente dividida publicamente em decisões de política externa, que exigem unanimidade.
“A Rússia, a China e outros regimes autoritários continuarão a explorar as vulnerabilidades da Europa, desde que não enfrentem repercussões onerosas por suas ações”, afirma o relatório.
“A exposição e a atribuição de ataques aos regimes que as deflagram, bem como medidas proporcionadas e sustentadas em resposta, para incluir sanções, enviam uma mensagem clara de que as violações descaradas do direito internacional e a interferência subversiva nas democracias não serão toleradas pela Europa.”
Os autores do relatório aconselham os líderes europeus a aumentar suas críticas públicas a Pequim, dizendo: “falar contra um comportamento inaceitável é especialmente importante e menos comum no caso da China”.
Eles acrescentam que tanto a OTAN como a UE estão prestando menos atenção aos investimentos econômicos da China, à espionagem e à ascensão técnica, “todos os quais o governo chinês usa para interferir nas democracias transatlânticas e ameaçar a segurança transatlântica”.
O estudo também afirma que os governos europeus devem impedir que a Huawei, gigante do setor de telefonia móvel, forneça partes sensíveis da infraestrutura 5G, alertando que a empresa está em dívida com o Estado chinês.
“Apesar das advertências de várias agências nacionais de inteligência sobre os riscos de segurança apresentados pela Huawei, 18 democracias europeias hesitam em excluir seus produtos das próximas redes 5G”, afirma o relatório.
“Permitir que as empresas afiliadas ao regime chinês, um Estado conhecido por executar frequentemente crimes cibernéticos, construa a infraestrutura 5G do continente cria riscos adicionais desnecessários e sacrifica a segurança a longo prazo dos países da Europa por considerações econômicas de curto prazo”.
Entre as outras recomendações que faz aos governos europeus estão a nomeação de um coordenador da UE dedicado à interferência estrangeira e a criação de uma agência central contra o branqueamento de capitais.