Reino Unido: Rússia pode usar alegações de armas químicas em ataque de ‘bandeira falsa’ à Ucrânia

"Rússia pode estar planejando usar armas químicas ou biológicas em uma operação de bandeira falsa"

15/03/2022 11:16 Atualizado: 15/03/2022 11:16

Por Katabella Roberts 

A inteligência do Reino Unido preocupa-se que a Rússia use alegações “fabricadas” de armas químicas na Ucrânia para uma “operação de bandeira falsa”.

O Ministério da Defesa do Reino Unido disse em um relatório que “as acusações russas de que a Ucrânia pretende usar armas químicas e biológicas continuam”, mas as autoridades observaram que “não viram evidências para apoiar essas acusações”.

“A Rússia pode estar planejando usar armas químicas ou biológicas em uma operação de ‘bandeira falsa’. Tal operação pode assumir a forma de um ataque falsificado, uma ‘descoberta’ encenada, ou evidências fabricadas de um suposto planejamento ucraniano de usar tais armas”, relataram as autoridades, acrescentando que tal ataque de “bandeira falsa” seria “quase certamente acompanhado por extensa desinformação para complicar a atribuição”.

Autoridades acrescentaram que a inteligência sugere que Moscou provavelmente pretendia usar operações de bandeira falsa como justificativa para sua invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro.

Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, John Kirby, porta-voz do Pentágono, disse a repórteres em Washington que funcionários tinha informações que indicavam que a Rússia estava “trabalhando ativamente para criar um pretexto para uma possível invasão” e estava procurando realizar “uma operação de bandeira falsa, uma operação projetada para parecer um ataque a eles ou a seu povo, ou pessoas de língua russa na Ucrânia, como uma desculpa para entrarem no país”.

Nos últimos meses, a Rússia perpetuou repetidamente a acusação de que laboratórios financiados pelos EUA na Ucrânia estão desenvolvendo armas de guerra biológica. Mesmo antes de sua invasão da Ucrânia, tais alegações estavam sendo veiculadas na mídia estatal russa.

No entanto, analistas acreditam que a narrativa faz parte do plano do Kremlin de criar uma operação de bandeira falsa na tentativa de justificar o uso de operações de armas químicas na própria Ucrânia.

O Ministério da Defesa da Rússia divulgou um comunicado no Telegram acusando a Ucrânia de ter destruído patógenos sendo estudados em um laboratório na Ucrânia que o ministério diz ser financiado pelo Departamento de Defesa dos EUA.

As alegações da Rússia sobre os laboratórios biológicos pareciam estar sendo repetidas pelo regime chinês em 7 de março.

No entanto, os Estados Unidos e a Ucrânia sustentam que os laboratórios buscam prevenir armas biológicas e patógenos, um projeto apoiado pela Agência de Redução de Ameaças de Defesa, uma agência dentro do Departamento de Defesa dos EUA (DoD).

Em resposta às alegações da Rússia, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse em comunicado que a desinformação espalhada pela Rússia é um “total absurdo e não é a primeira vez que a Rússia inventa tais alegações falsas contra outro país”.

O relatório do Ministério da Defesa do Reino Unido vem após o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, alertar no dia 13 de março que o Kremlin pode usar armas químicas ou biológicas em sua invasão da Ucrânia, o que equivaleria a um crime de guerra.

“Nos últimos dias, ouvimos afirmações absurdas sobre laboratórios de armas químicas e biológicas”, disse Stoltenberg durante entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag.

O secretário-geral da OTAN ecoou comentários do Ministério da Defesa do Reino Unido de que a Rússia poderia estar usando as alegações para criar um falso pretexto para justificar suas ações.

“Agora que essas falsas alegações foram feitas, devemos permanecer vigilantes porque é possível que a própria Rússia planeje operações de armas químicas sob essa fabricação de mentiras. Isso seria um crime de guerra”, disse Price.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, também alertou as autoridades para ficarem atentas “para o possível uso de armas químicas ou biológicas da Rússia na Ucrânia, ou para criar uma operação de bandeira falsa usando-as”.

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