Por Agência EFE
O governo do Reino Unido anunciou neste sábado que oferecerá 10.500 vistos de trabalho temporários a transportadores e funcionários da indústria avícola estrangeiros para tentar aliviar a escassez de mão de obra que afeta vários setores devido ao Brexit e à pandemia de covid-19.
A falta de transportadores levou, nos últimos dias, a filas de espera em diversos postos de gasolina em todo o país, após os postos da BP e de outras empresas terem sido forçados a fechar as instalações devido à impossibilidade de levar combustível para as bombas.
A presidente da Câmara de Comércio britânica, Ruby McGregor-Smith, argumentou que a medida anunciada pelo governo “não é suficiente para resolver a escala do problema” e a comparou com “jogar uma gota de água em uma fogueira”.
A Associação de Transportadores Rodoviários advertiu que são necessários cerca de 100 mil motoristas extras no Reino Unido, uma crise que também tem afetado os supermercados e a indústria hoteleira, entre outras áreas.
Tanto os transportadores como os representantes da indústria da carne e das aves atribuíram parte do problema à impossibilidade de contratar europeus sem visto de trabalho após o Brexit e a saída de milhares de cidadãos da União Europeia residentes no Reino Unido para os seus países de origem durante a pandemia.
Nas últimas semanas, o governo britânico tem insistido para que as empresas com escassez de mão de obra aumentem os esforços para recrutar trabalhadores britânicos, mas as empresas alertem que, para atrair trabalhadores locais, é necessário aumentar os salários, o que, por sua vez, afetará os preços para os consumidores.
Em comunicado, o governo afirmou neste sábado que a ampliação da concessão de vistos será realizada até ao Natal, a fim de “aliviar a pressão da cadeia de abastecimento na indústria alimentar e de transportes durante circunstâncias excepcionais”.
O Consórcio de Varejistas Britânicos deu as “boas-vindas” à medida temporária, mas avisou que os 5.000 vistos previstos para os transportadores “pouco farão para aliviar a atual escassez”.
“Os supermercados, sozinhos, calculam que precisam de pelo menos 15 mil motoristas para que as suas empresas possam operar em plena capacidade no período que antecede o Natal”, disse Andrew Opie, diretor de alimentos e sustentabilidade dos empregadores da patronal.
Além dos vistos estrangeiros, o governo também anunciou neste sábado um programa de capacitação urgente de 4.000 novos condutores.
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