Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
O Reino Unido está “criticamente vulnerável” a picos nos preços da energia e continua em risco de outra crise energética, segundo constatou uma comissão de especialistas. A crise de energia de 2021-2022, após os confinamentos da COVID-19 e a guerra na Ucrânia, elevou os preços globais de energia. O Reino Unido não estava preparado para esse desafio e ficou “altamente” exposto a interrupções no fornecimento e aumentos nos preços, de acordo com a Comissão de Crise Energética.
Os especialistas da comissão, incluindo representantes da Energy UK, CBI, Citizens Advice e National Energy Action, apontaram que uma das principais razões é a dependência do Reino Unido do gás para geração de energia e aquecimento residencial.
Em um relatório divulgado na terça-feira, os especialistas concluíram que as famílias e empresas vulneráveis sofreram um impacto “catastrófico” como resultado da crise de energia. Cerca de 7,5 milhões de famílias entraram em situação de pobreza energética, e a dívida com as empresas de energia subiu para £3,5 bilhões.
Em resposta aos custos mais altos de energia, quase uma em cada 10 empresas interrompeu parcial ou totalmente suas operações. Uma em cada cinco afirmou ter precisado usar suas reservas de caixa para lidar com o aumento dos preços.
Os especialistas também destacaram que os esquemas de apoio inadequados retardaram o ritmo de melhoria na eficiência energética das residências, o que fez com que as famílias mais pobres pagassem o preço, aumentando o custo geral da crise para o Reino Unido.
Recomendações
Comparado a outros países europeus, o Reino Unido é o segundo mais dependente do gás para aquecimento e o quinto mais dependente do gás para eletricidade.
Para melhorar sua resiliência a choques futuros, o Reino Unido precisa reduzir sua dependência do gás, cortar a demanda de energia isolando melhor as casas e desenvolver um esquema de apoio mais eficaz para as famílias mais vulneráveis, recomendou a comissão.
O ex-parlamentar David Laws, que preside a comissão, afirmou que, embora choques futuros nos preços de petróleo e gás pareçam inevitáveis, o Reino Unido continua mal preparado.
Ele propôs uma rápida transição para fontes de energia renovável domésticas e investimentos em energia limpa, acrescentando que os esforços para melhorar a isolação das casas “simplesmente não foram bons o suficiente”.
“Por fim, precisamos de um sistema de apoio energético muito mais eficiente e direcionado para consumidores e empresas, para que o dinheiro chegue àqueles que precisam de ajuda, no momento em que necessitam. O apoio passado e atual foi e é mal direcionado e ineficiente—com aqueles que mais precisam não recebendo a ajuda que merecem”, disse Laws.
O relatório também alertou que choques futuros de energia poderiam vir dos mercados de petróleo em vez do gás. O aumento das tensões no Oriente Médio significa que uma crise futura pode ser “muito diferente”, afetando o setor de transporte mais do que a energia elétrica e o aquecimento, apontou a comissão.
Retórica política
A comissão reconheceu que o novo governo trabalhista está “dando um impulso positivo” ao crescimento da energia solar, da energia eólica em terra e dos investimentos em energia limpa.
O relatório afirmou que o governo deve desenvolver uma estratégia energética “clara”, revisar regulamentos para proteger os consumidores contra falhas de fornecedores e reformar “urgentemente” o mercado de eletricidade.
Na semana passada, o governo nomeou oito figuras importantes da indústria e do meio acadêmico para ajudar a implementar o Plano de Ação Energia Limpa 2030, que deve ser divulgado ainda este ano.
Sob o plano, os ministros trabalharão para descarbonizar a rede elétrica, reduzir os preços de energia e reforçar a segurança energética do Reino Unido.
“A melhor forma de retomar o controle de nossa segurança energética e criar empregos altamente qualificados é acelerar a expansão das energias renováveis e a transição para energia limpa de produção nacional”, disse Ed Miliband, Secretário de Energia.
Respondendo ao relatório da comissão, Miliband afirmou que transformar o Reino Unido em uma “superpotência de energia limpa” é uma das principais missões do Partido Trabalhista. O partido também planeja lançar a Great British Energy, uma nova empresa pública de energia limpa, financiada por meio de um imposto extraordinário sobre as gigantes do petróleo e gás.
As ambições do Reino Unido em relação à meta de emissão zero líquida têm gerado preocupações no setor sobre o impacto nos empregos da indústria de gás e petróleo, especialmente no setor de energia do Mar do Norte.
Acredita-se que a Escócia seja a maior produtora de petróleo e a segunda maior produtora de gás da Europa, com a maior parte da atividade de petróleo e gás ocorrendo em águas escocesas, no mar.
Empresas de energia citaram anteriormente a “retórica política negativa” e a incerteza fiscal como as principais razões para retirar investimentos do setor.
A PA Media contribuiu para esta notícia.