Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
O Reino Unido concordou com um acordo para entregar a soberania das Ilhas Chagos, no Oceano Índico, para Maurício, mas afirmou que o status da base militar dos EUA em Diego Garcia será preservado.
Diego Garcia, que foi uma base aérea crucial durante a Guerra do Iraque em 2003, é uma das mais de 60 ilhas do arquipélago, e os Estados Unidos têm presença lá desde 1966.
Dois anos depois, Maurício tornou-se independente, mas sempre alegou que foi forçado a abrir mão das Ilhas Chagos para ser liberado do Império Britânico.
O Secretário de Relações Exteriores britânico, David Lammy, disse na quinta-feira: “O acordo de hoje garante esta base militar vital para o futuro.
“Ele fortalecerá nosso papel em proteger a segurança global, impedirá qualquer possibilidade de que o Oceano Índico seja usado como uma rota perigosa de migração ilegal para o Reino Unido, além de garantir nosso relacionamento de longo prazo com Maurício, um parceiro próximo da Commonwealth.”
O acordo foi imediatamente criticado pelo ex-Secretário de Relações Exteriores britânico James Cleverly, um dos quatro candidatos à liderança do Partido Conservador, que está na oposição.
Cleverly postou um link da notícia na rede social X e escreveu: “Fraco, fraco, fraco! O Partido Trabalhista mentiu para chegar ao poder. Disseram que seriam mais limpos que limpos, que não aumentariam impostos, que enfrentariam a UE, que seriam patrióticos. Tudo mentiras!”
O Reino Unido tem negociado com Maurício desde novembro de 2022 sobre as Ilhas Chagos.
“Estado-fantoche da China”
Em dezembro de 2023, o parlamentar conservador Daniel Kawczynski disse ao Epoch Times que seria um erro entregar o Arquipélago de Chagos para Maurício, que ele descreveu como um “estado-fantoche da China”.
Maurício tem uma relação próxima com a China, e no mês passado, o Banco de Maurício e o Banco do Povo da China assinaram um acordo bilateral de troca de moedas. Os dois países também assinaram um acordo de livre comércio, que entrou em vigor em 2021.
O primeiro-ministro de Maurício, Pravind Jugnauth, é o líder do Movimento Socialista Militante (MSM) desde 2003.
Maurício terá eleições em novembro, e o retorno das Ilhas Chagos pode impulsionar o MSM, que detém 42 das 70 cadeiras no Parlamento mauriciano.
Cerca de 2.000 ilhéus de Chagos, às vezes conhecidos como Chagossianos, foram forçados a se mudar para o Reino Unido na década de 1970 para abrir caminho para a expansão da base aérea, e agora eles poderão voltar para casa como parte do acordo, embora Diego Garcia continue sendo uma área restrita.
“Este governo herdou uma situação em que a operação segura e de longo prazo da base militar de Diego Garcia estava ameaçada, com soberania contestada e desafios legais em andamento”, disse Lammy.
Em uma declaração conjunta, o Reino Unido e Maurício disseram que o acordo teve o apoio e a assistência dos Estados Unidos e da Índia.
O Reino Unido controlava a região desde 1814, mas separou as Ilhas Chagos de Maurício em 1965, criando o que ficou conhecido como o Território Britânico do Oceano Índico.
Era uma das últimas possessões ultramarinas remanescentes do Reino Unido, a maioria das quais está no Caribe ou no Atlântico Sul.
Em fevereiro de 2019, a Corte Internacional de Justiça decidiu que o Reino Unido deveria abrir mão do controle das ilhas, alegando que havia forçado a população a sair injustamente na década de 1970.
Votação na Assembleia Geral da ONU
Mais tarde naquele ano, a Assembleia Geral da ONU votou por 116 a 6 que o Reino Unido deveria se retirar incondicionalmente do arquipélago dentro de seis meses.
O Reino Unido, Austrália, Israel, Hungria, Maldivas e Estados Unidos votaram contra a resolução, com 56 países se abstendo.
O Reino Unido tem 13 territórios ultramarinos remanescentes — Anguila, Ilha de Ascensão, Bermudas, Território Antártico Britânico, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman, Ilhas Malvinas, Gibraltar, Montserrat, Ilha Pitcairn, Santa Helena, Tristão da Cunha e Ilhas Turcas e Caicos.
A Associated Press e a Reuters contribuíram para este artigo.