Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Um político espanhol e ativista contra o regime iraniano, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato há um ano, declarou em uma conferência online que o Irã está operando em aliança com o crime organizado.
Alejo Vidal-Quadras, de 79 anos, foi baleado a queima-roupa na capital espanhola, Madri, em 9 de novembro de 2023, mas sobreviveu milagrosamente.
Ele afirmou que o regime iraniano está colaborando com a gangue Mocro Maffia, baseada nos Países Baixos, e com outros sindicatos do crime organizado, visando dissidentes e cidadãos europeus.
Vidal-Quadras, ex-membro do Parlamento Europeu (MEP) e cofundador do Partido Vox, é presidente do Comitê Internacional em Busca da Justiça (CIBJ), criado em 2008 para “buscar justiça para a oposição democrática iraniana”.
O CIBJ trabalha em estreita colaboração com o Conselho Nacional de Resistência do Irã (NCRI), uma organização guarda-chuva que inclui os principais grupos de oposição iranianos.
Na sexta-feira, o Departamento de Justiça dos EUA divulgou documentos acusando três homens de envolvimento em uma rede de assassinato sob encomenda, orquestrada pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (CGRI) do Irã, que tinha como alvo o presidente eleito Donald Trump.
Falando no mesmo dia durante uma conferência online, Vidal-Quadras disse que o regime iraniano e a Mocro Maffia aparentemente colaboraram na tentativa de assassinato contra ele.
A Mocro Maffia recebeu esse nome porque a maioria de seus membros fundadores eram de origem marroquina.
Em 2019, o grupo assassinou o advogado holandês Derk Wiersum, e em julho de 2021 também matou o jornalista de TV Peter de Vries. Ambos os assassinatos ocorreram em Amsterdã.
O líder da Mocro Maffia, Ridouan Taghi, foi condenado à prisão perpétua em fevereiro deste ano, após um julgamento de seis anos realizado em um tribunal especial de alta segurança nos Países Baixos.
“Sete pessoas de diferentes nacionalidades foram presas em relação à tentativa de assassinato contra mim”, disse Vidal-Quadras, acrescentando que o homem acusado de atirar nele é Mehrez Ayari, um francês de 38 anos de origem tunisiana, que foi preso em junho na cidade holandesa de Haarlem.
“Ele foi preso enquanto se preparava para matar um dissidente iraniano vivendo nos Países Baixos”, afirmou Vidal-Quadras.
Vidal-Quadras pediu uma política mais “robusta” contra o regime islâmico, incluindo a designação do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (CGRI) como uma organização terrorista pela UE e pelo Reino Unido, além da “aplicação e expansão de sanções internacionais”.
“A integração desses elementos em uma estratégia coesa não apenas aumentará a eficácia da política ocidental, mas também oferecerá um caminho mais claro em direção a um Irã estável e democrático”, acrescentou.
Matthew Levitt, diretor do Programa Reinhard sobre Contraterrorismo e Inteligência do Instituto Washington para Política do Oriente Médio, disse na conferência: “Os iranianos estão muito comprometidos em vingar a morte do general Qasem Soleimani. Eles têm como alvo o recém-eleito presidente Donald Trump, John Bolton, um ex-secretário de Estado, e outros. É algo muito sério”.
“A tendência mais proeminente que vemos na Europa é o uso de intermediários criminosos”, disse Levitt. “Em alguns casos, eles contratam gangues da Europa Oriental, por exemplo, e essas gangues contratam jovens. Na Suécia, por exemplo, o Irã contrata criminosos que contratam jovens para jogar granadas por cima dos muros da embaixada de Israel”.
Levitt disse que o uso do terrorismo internacional pelo Irã é uma tática para silenciar críticos.
“O que o regime faz não é má conduta”, afirmou. “É assassinato. Não pode haver algo pior. Precisamos fazer muito mais”.
“O regime cometeu mais de 450 atos terroristas no mundo. Precisamos de uma mudança de política para lidar com seu terrorismo. Pressão real sobre o regime funciona. Sanções sozinhas não resolverão o problema”.
Levitt disse que, mesmo durante as negociações do acordo nuclear iraniano em 2016, haviam complôs sendo tramados contra dissidentes pelo CGRI do Irã na França e na Alemanha.
“Não posso dizer se isso é apenas o regime iraniano sendo extremamente agressivo ou se é um caso de falta de comunicação interna”, afirmou.
Levitt explicou que, dentro de qualquer burocracia, há diferentes cliques envolvidos em seus próprios projetos, que podem não estar se comunicando, e disse que isso pode ser o caso da “burocracia de segurança” do Irã.
Bob Blackman, um parlamentar conservador do Reino Unido, criticou a decisão da Bélgica de libertar e repatriar Assadollah Assadi, um diplomata iraniano implicado em uma tentativa de explodir uma reunião do NCRI em 2018.
Blackman, que participou do evento e estava sentado próximo à líder do NCRI, Maryam Rajavi, declarou: “Se o plano de Assadollah Assadi para bombardear a grande reunião do NCRI em Paris em 2018 tivesse sido bem-sucedido, teríamos enfrentado a Terceira Guerra Mundial”.
A conferência, que contou com a participação de 28.000 pessoas, foi presidida por Struan Stevenson, ex-parlamentar escocês conservador do Parlamento Europeu (MEP). Stevenson afirmou que o Ocidente, e em particular a União Europeia e as Nações Unidas, estavam se baseando em uma política fracassada de “apaziguamento” ao lidar com o regime iraniano.
Stevenson afirmou que as estratégias dos governos ocidentais em resposta à agressão do regime iraniano serviram “apenas para encorajar os clérigos no poder”.
“Desde que sequestrou a revolução no Irã em 1979, o regime dos mulás fez tudo ao seu alcance para eliminar qualquer um que se opusesse à sua tirania teocrática, e particularmente, fez de tudo para eliminar os apoiadores do principal movimento de oposição democrática, os Mujahideen do Povo do Irã, incluindo 30.000 prisioneiros políticos que foram massacrados em 1988”, disse ele.
O ex-parlamentar socialista português Paulo Casaca declarou que a União Europeia era cúmplice desses crimes por não responsabilizar os líderes do Irã.
Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência da Colômbia e ex-refém, também acusou o Ocidente de apaziguamento.