O governo venezuelano anunciou a convocação de sua embaixadora em Madri, Gladys Gutiérrez, para consultas. O motivo são as críticas feitas pela ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, que classificou o regime de Nicolás Maduro como uma “ditadura”.
Através do Telegram, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yvan Gil, descreveu as afirmações de Robles como “insolentes, intrometidas e grosseiras”. Gil também disse ter pedido para que o embaixador da Espanha em Caracas, Ramón Santos Martínez, “preste explicações” sobre as afirmações.
Em evento cultural na quinta-feira (12), a ministra da Defesa espanhola mencionou “os homens e mulheres que tiveram de abandonar a Venezuela precisamente pela ditadura em que vivem”. Robles citou o candidato da oposição venezuelana nas eleições de 28 de julho, Edmundo González Urrutia, que deixou o país e está na Espanha.
No dia 2 de setembro, González recebeu uma ordem de prisão pelo regime de Maduro. Após passar cerca de um mês abrigado na embaixada da Holanda em Caracas, embarcou para o país europeu, onde conseguiu asilo por perseguição política e judicial.
Em votação na quarta-feira (11), o Congresso espanhol reconheceu González como presidente eleito da Venezuela, com 177 votos a favor e 164 contra. Apoiadora do asilado e principal líder oposicionista na Venezuela, María Corina Machado comemorou o fato, afirmando ser uma “grande vitória”.
O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (CNE) declarou Maduro como vencedor das eleições presidenciais. Em contrapartida, a oposição denuncia fraude nas urnas, com base em cópias das atas eleitorais e evidências de irregularidades no pleito, e considera González o verdadeiro vencedor.
O regime de Maduro rejeita as acusações e classifica as provas da oposição como “falsas”.
Premiê espanhol demonstra apoio a González
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, pertence ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) – legenda situada à esquerda. O premiê aguarda a publicação oficial das atas de votação antes de tomar uma posição definitiva quanto às eleições venezuelanas.
No entanto, o governo espanhol reafirmou seu compromisso com a democracia e os direitos humanos na Venezuela. Sánchez se encontrou com González em caráter privado. O primeiro-ministro expressou o apoio da Espanha ao opositor e demonstrou solidariedade com o povo do país sul-americano.
“Dou calorosas boas-vindas a Edmundo González Urrutia ao nosso país, a quem damos as boas-vindas demonstrando o compromisso humanitário e a solidariedade da Espanha com os venezuelanos. A Espanha continua a trabalhar a favor da democracia, do diálogo e dos direitos fundamentais do povo irmão da Venezuela”, escreveu Sánchez no X.
O Parlamento Europeu também discutirá o reconhecimento das eleições venezuelanas na próxima semana, o que poderá influenciar ainda mais as relações entre Espanha e Venezuela, bem como o posicionamento internacional sobre Maduro.