Regime de Maduro bloqueia plataforma usada pela oposição para pagar bônus a trabalhadores de saúde

21/08/2020 23:33 Atualizado: 22/08/2020 09:16

Por Agência EFE

O presidente venezuelano, Juan Guaidó, disse na quinta-feira que a Superintendência das Instituições do Setor Bancário (Sudeban) mandou bloquear uma plataforma de carteira digital usada massivamente no país e por meio da qual vai pagar um bônus de US$ 100 aos trabalhadores de saúde do país sul-americano na próxima semana.

“Eles bloquearam a página do AirTm na Venezuela porque a partir de segunda-feira todos os beneficiários do setor saúde (receberão um bônus)”, disse o oponente em mensagem publicada no Periscope.

“Peço desculpa pela expressão, não costumo usar esta palavra, mas tem que ser muito maldito para bloquear uma conta a quem está a dar tudo para proteger o nosso povo, quando vai receber um bónus”, acrescentou Guaidó.

Ontem, a entidade reguladora (Sudeban) e a Unidade de Inteligência Financeira da Venezuela alertaram os bancos que as atividades da AirTm fogem às normas do setor financeiro.

“Nesse sentido, o sistema bancário nacional é instado a realizar um acompanhamento exaustivo das transações realizadas (nesta plataforma)”, disse o regulador em nota.

Durante a quinta-feira, centenas de usuários denunciaram o bloqueio da plataforma na Venezuela, enquanto especialistas em tecnologia recomendaram o uso de redes privadas conhecidas como VPN para acessar carteiras.

A EFE apurou que a plataforma pode ser acessada de alguns provedores locais de internet, mas isso não é garantia de que os mais de 62 mil profissionais de saúde que receberão o bônus poderão, a partir da próxima segunda-feira, utilizar os recursos.

O governo Guaidó anunciou neste mesmo dia que a ajuda de US$ 100 será entregue por 3 meses, já que o programa ultrapassa US$ 18 milhões, a uma taxa de US$ 300 por beneficiário.

“Pela primeira vez na história poderemos usar os recursos recuperados diretamente do regime (de Nicolás Maduro), recuperados da corrupção”, disse.

O oponente disse ainda que o setor de saúde da Venezuela sofre “a maior taxa de mortalidade (por COVID-19) do planeta”.

De acordo com a plataforma United Doctors, na Venezuela cerca de 80 trabalhadores do setor de saúde morreram de causas relacionadas ao vírus do PCC (Partido Comunista Chinês), comumente conhecido como o novo coronavírus.

Esse sindicato, além disso, recebe baixa renda que, às vezes, não passa de 10 dólares por mês.

O regime de Nicolás Maduro culpa a oposição e os fatores externos pela crise que deprimiu as receitas, mas os detratores do líder socialista atribuem os problemas à má gestão e à corrupção.

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