Regime de Lukashenko condena líder da oposição no exílio a 17 anos de prisão

Por agência efe e renato pernambucano
07/04/2023 17:37 Atualizado: 07/04/2023 17:37

A Justiça da Bielorrússia condenou a 17 anos de prisão, nesta sexta-feira, o líder da oposição Valery Tsepkalo, que se exilou no exterior dias antes das eleições presidenciais de agosto de 2020, nas quais Alexander Lukashenko foi reeleito.

Tsepkalo, cuja candidatura à presidência nessas eleições foi rejeitada pela comissão eleitoral, foi condenado por difamar Lukashenko e desacreditar o país ao pedir a outras nações que imponham sanções contra Minsk e outras medidas que minam a segurança nacional.

O Ministério Público havia pedido 19 anos contra o opositor, que também foi acusado de criar e financiar um grupo extremista, receber propina e abuso de poder, durante o julgamento que começou em 1º de março no Tribunal Regional de Minsk.

O ex-diplomata e empresário bielorrusso foi acusado de ter recebido cerca de 152 mil euros como suborno enquanto exercia as funções de chefe da Administração do Parque de Alta Tecnologia de Belarus, dinheiro que teria sido transferido para uma empresa de sua propriedade com sede no Chipre.

Na época, Tsepkalo chamou o julgamento de “circo, no qual o principal bufão é o impostor de dedos azuis que perdeu miseravelmente as eleições de 2020 para o povo de Belarus”, em referência a Lukashenko.

“Todos os participantes (deste circo) vão responder perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e depois perante o povo sofredor” de Belarus, acrescentou.

Este julgamento se soma aos processos contra outros opositores, que o regime de Lukashenko considera culpados de “conspirar para tomar o poder de forma inconstitucional”.

Sua esposa, Veronica Tsepkalo, o substituiu na corrida presidencial e concorreu como parte de uma troca de candidatos presidenciais que incluía Sviatlana Tsikhanouskaia, agora uma líder da oposição no exílio, e Maria Kolesnikova, que cumpre 11 anos de prisão.

No total, na antiga república soviética, existem 1.438 presos políticos entre jornalistas, blogueiros, empresários, ativistas, manifestantes, aspirantes e candidatos presidenciais.

Ontem, a Justiça bielorrussa condenou a 18 meses de prisão o ex-candidato presidencial Andrei Dmitriev, por participar dos protestos contra o regime que eclodiram após as eleições presidenciais.

Dmitriev, então co-presidente do movimento “Diga a verdade!”, obteve 1,21% dos votos nas eleições de 9 de agosto, o que lhe permitiu ocupar o quarto lugar entre cinco candidatos.

Dois dias depois, ele e outro candidato, Sergei Cherechen, anunciaram que contestariam o resultado das eleições, na qual Lukashenko foi reeleito com mais de 80% dos votos.

Quando os resultados foram conhecidos, em que a favorita Tsikhanouskaia alcançou 10,12% dos votos, dezenas de milhares de bielorrussos saíram às ruas para protestar contra a fraude.

Os maiores protestos contra o regime desde a independência de Belarus em 1991 colocaram na corda bamba o chamado último ditador da Europa, cuja vitória eleitoral não é reconhecida pelo Ocidente.

Depois de várias semanas de protestos pacíficos, Lukashenko, a quem o Kremlin se ofereceu para enviar forças de segurança russas para esmagar a dissidência, lançou uma campanha de repressão que empurrou para o exílio centenas de milhares de pessoas.

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