O regime da Venezuela classificou como uma “ingerência” o comunicado divulgado nesta terça-feira pelo Brasil, que manifestou “preocupação” com o desenvolvimento do processo eleitoral no país e os “impedimentos” ao registro da candidatura do principal bloco opositor.
De acordo com Caracas, o texto pareceu ter sido “ditado” pelos Estados Unidos.
“O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela repudia o comunicado obscuro e ingerente redigido por funcionários da Chancelaria brasileira que parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos EUA, no qual são emitidos comentários cheios de profunda ignorância e desconhecimento sobre a realidade política da Venezuela”, declarou o regime venezuelano.
Em comunicado, membros da ditadura de Nicolás Maduro disseram ter “autoridade moral para exigir o mais estrito respeito ao princípio de não ingerência nos assuntos internos, porque tem mantido uma conduta fiel aos princípios que regem a diplomacia e as relações de amizade com o Brasil, e não emite e não emitirá juízos de valor sobre os processos políticos e judiciais desse país”.
O regime da Venezuela afirmou que “chama a atenção o fato de o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não estar preocupado com as tentativas de assassinato e desestabilização que foram frustradas nas últimas semanas, incluindo a tentativa de ontem (segunda-feira), quando um extremista da organização Vamos Venezuela (liderada pela líder opositora María Corina Machado) foi preso com armas, pronto para atentar contra a vida do presidente (Maduro)”.
O partido Vamos Venezuela (VV) rejeitou categoricamente a acusação, classificando-a como “infundada” e um “novo ataque do regime para justificar mais perseguições e prisões contra aqueles que assumiram o direito de exigir as mudanças democráticas que hoje a maioria dos cidadãos estão exigindo para o país”.
O Brasil disse em comunicado que os obstáculos que a Plataforma Unitária Democrática (PUD) – principal aliança antichavista – denunciou ter enfrentado para registrar a candidatura de Corina Yoris, escolhida porque Machado não pôde concorrer devido a sua inabilitação, “não é compatível com os acordos de Barbados”, assinados em outubro do ano passado entre o governo Maduro e essa coalizão opositora tendo em vista as eleições.
Com o comunicado, o Brasil se juntou às críticas feitas nos últimos dias ao processo eleitoral venezuelano por vários países da região, incluindo Argentina, Colômbia, Paraguai e Uruguai.
A Venezuela, de acordo com o comunicado de seu regime, realizará as eleições presidenciais em 28 de julho “sem a intervenção ou tutela de qualquer força estrangeira”.