O regime da Nicarágua afirmou nesta terça-feira (06) que está se defendendo contra uma suposta “invasão comunicacional” que, segundo o Executivo, ameaça as tradições do país.
“Nós nos defendemos da invasão comunicacional que busca abolir nossas próprias culturas e tradições, e nos mostrar outras com as quais simplesmente não nos identificamos”, disse a vice-líder nicaraguense, Rosario Murillo, em um discurso na tarde de hoje.
Murillo anunciou a posição do regime chefiado pelo marido, Daniel Ortega, um dia depois de o Executivo ter assinado um memorando de entendimento com a emissora de televisão estatal russa “RT” para “reforçar a colaboração na luta permanente pela verdade”.
A vice-líder também aproveitou o discurso que fez esta tarde para expressar seu apoio ao acordo entre o regime da Nicarágua e a rede de televisão russa. Da mesma forma, insistiu em uma das principais reivindicações do regime sandinista.
“Exigimos respeito pela nossa forma de ser, pela nossa exigência de soberania nacional”, declarou.
Desde sua volta ao poder em 2007, Ortega tem mostrado seu descontentamento com a imprensa não estatal. Desde o início da crise sociopolítica na Nicarágua em 2018, pelo menos 160 jornalistas e trabalhadores da mídia optaram pelo exílio, segundo a rede regional “Voces del Sur”.
No último mês de julho, a redação do jornal “La Prensa”, que agora só é publicado na versão online, foi forçada a se exilar, após a prisão de dois de seus funcionários.
Nos últimos anos, pelo menos 52 meios de comunicação foram fechados, incluindo 23 no último mês de agosto, a maioria pertencente à Igreja Católica, além de 15 espaços informativos. Além disso, diferentes meios de comunicação também foram confiscados.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) recentemente colocou a Nicarágua na lanterna do Índice Chapultepec de 2022 sobre liberdade de imprensa, atrás inclusive de Cuba e Venezuela.
A Nicarágua vive uma crise sem precedentes sob o regime comunista liderado por Daniel Ortega, que através de medidas autoritárias suprimiu toda a oposição, silenciou os meios de comunicação e continua escalando seu autoritarismo contra o povo e qualquer organização que ele considere inimiga de seu projeto de poder, incluindo a Igreja Católica, que ele acusou de orquestrar um golpe de estado para instaurar a “ditadura perfeita” no país.
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