A República Democrática do Congo está em “alerta máximo” por causa de uma doença de origem desconhecida, que já teve 382 casos detectados, causou ao menos 71 mortes e parece ser respiratória, informou nesta quinta-feira (05) o ministro da Saúde Pública do país africano, Samuel Roger Kamba Mulamba.
Depois de essa pasta ter contabilizado na terça-feira 79 mortes na região de Panzi, na província de Kwango, Mulamba informou que o número correto é de 71.
Por outro lado, o ministro da Saúde de Kwango, Apollinaire Yumba Tiabakwau, disse que 135 pessoas morreram devido à doença.
Os sintomas da estranha doença incluem febre, dores de cabeça, coriza e tosse, falta de ar e anemia.
“Estamos em alerta máximo, ou seja, consideramos um nível epidêmico que devemos monitorar o mais de perto possível”, declarou Mulamba em entrevista coletiva na capital do país, Kinshasa, além de destacar que as crianças com menos de cinco anos representam cerca de 40% dos casos detectados.
Embora os resultados dos testes estejam sendo aguardados para estabelecer um diagnóstico claro dentro de 24 a 48 horas, Mulamba afirmou que os sintomas observados apontam para uma doença do tipo respiratório, embora não esteja claro se é uma patologia bacteriana ou viral.
“Estamos conversando com todos os especialistas para ver quais são as primeiras hipóteses que podemos levantar”, afirmou.
A espera se deve ao fato de que Panzi, uma região muito remota, onde uma equipe de especialistas enviada pelo governo congolês levou dois dias para chegar depois de receber um chamado, não conta com laboratórios, de modo que as amostras coletadas tiveram de ser enviadas para outra localidade a cerca de 500 quilômetros de distância.
“A taxa de mortalidade de cerca de 7,5% a 8% nos faz pensar que não se trata de COVID”, ressaltou o ministro, embora ele tenha admitido que a fragilidade da população na zona afetada poderia tornar mais letal um possível surto dessa doença.
Mulamba frisou que Panzi sofre com altas taxas de desnutrição infantil e atualmente está enfrentando não apenas o sarampo, mas também uma gripe sazonal que pode estar atingindo mais as pessoas devido a essas vulnerabilidades.
Especialistas também não sabem se a anemia detectada em alguns dos mortos é um sintoma da doença ou está relacionada à escassez de alimentos e aos altos índices de malária na região, que também foi atingida por um surto de febre tifoide há dois anos.
De acordo com as autoridades congolesas, os casos começaram a ser relatados em 24 de outubro, mas o primeiro alerta só foi dado no final de novembro, quando uma equipe com três epidemiologistas foi enviada para a região.
Em entrevista coletiva por teleconferência nesta quinta-feira, John Kaseya, diretor do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África), anunciou que a agência de saúde pública da União Africana (UA) enviará uma equipe de especialistas para ajudar as autoridades congolesas.
“Há muitas coisas que não sabemos, nem mesmo qual é o modo de transmissão”, disse.