Pelo menos quatro pessoas morreram e 44 ficaram feridas durante os protestos na Venezuela, que eclodiram após a divulgação da vitória do ditador Nicolás Maduro nas eleições de domingo (28). No poder desde 2013, o líder chavista assumirá a Presidência pela terceira vez consecutiva.
Conforme a ONG Pesquisa Nacional de Hospitais, que monitora a crise hospitalar e os centros de saúde na Venezuela, uma das mortes ocorreu em Caracas e duas em Aragua, na região central. Além disso, a ONG Foro Penal informou que uma morte foi registrada na região de Yaracuy, no noroeste do país.
Desde o início dos protestos, dezenas de vídeos circulam nas redes sociais mostrando o cenário de caos que se instaurou no país. A oposição venezuelana não reconheceu a vitória de Maduro, acusando seu grupo político de fraude eleitoral.
De acordo com o Observatório Venezuelano de Conflitos, foram registrados pelo menos 187 protestos em 20 estados diferentes do país desde o anúncio do resultado eleitoral. Além disso, o diretor da organização informou à AFP que 46 pessoas foram presas.
O perfil da organização nas redes sociais denunciou a violência contra os manifestantes e exigiu que o regime de Maduro respeite o direito à manifestação pacífica.
“São relatados numerosos atos de repressão e violência perpetrados por Coletivos Paramilitares e Forças de Segurança. Exigimos que as autoridades venezuelanas garantam o direito à manifestação e expressão pacífica de todas as pessoas. Instamos também a população a exercer os seus direitos de forma pacífica”, escreveu.
O número oficial de mortos e feridos pode aumentar nesta terça-feira (30), à medida que as manifestações continuam e a repressão contra os protestos tende a se intensificar.
As forças de segurança venezuelanas utilizaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes que contestavam a reeleição de Maduro. Em algumas áreas, como bairros de Caracas e na cidade de Carabobo, também foram registrados disparos com armas de fogo contra a população.
OEA não reconhece resultado das eleições na Venezuela
A contestação ao resultado das eleições na Venezuela não se limitou apenas à oposição interna. Diversos países também se recusaram a reconhecer Nicolás Maduro como presidente reeleito.
Nesta terça-feira (30), a Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou que não aceita o resultado das eleições presidenciais anunciado pela Justiça eleitoral venezuelana.
No relatório dos observadores que monitoraram o processo eleitoral, a OEA aponta sinais de “possível manipulação dos resultados” pelo regime de Maduro.
“Mais de seis horas após o encerramento da votação, o CNE fez um anúncio (…) declarando vencedor o candidato oficial, sem fornecer detalhes das tabelas processadas, sem publicar a ata e fornecendo apenas as porcentagens agregadas de votos que as principais forças políticas teriam recebido”, diz o texto.