Putin ordena tropas russas a regiões separatistas da Ucrânia

Em resposta, o governo Biden impôs sanções limitadas contra certos indivíduos russos

23/02/2022 11:38 Atualizado: 23/02/2022 11:38

Por Jack Phillips 

Após o presidente russo, Vladimir Putin, afirmar que reconhecerá as regiões separatistas ucranianas de Donetsk e Lugansk como independentes, ele assinou um decreto, na segunda-feira, ordenando que tropas militares russas entrem na área.

De acordo com um decreto emitido pelo Kremlin e assinado por Putin, o Ministério da Defesa russo está agora autorizado a enviar tropas para a área de Donbass, no leste da Ucrânia, para “manter a paz”. Ele também afirmou ao Ministério das Relações Exteriores para estabelecer relações diplomáticas com Donetsk e Lugansk, segundo a mídia estatal russa.

Não ficou imediatamente claro se os militares russos já haviam entrado nas duas regiões separatistas. Também não está claro o tamanho da força que Putin enviaria, quando eles cruzariam a fronteira e exatamente qual seria sua missão.

Mais cedo na segunda-feira, Putin fez um longo discurso televisionado de seu escritório no qual afirmou que a Ucrânia é parte integrante da história da Rússia. A União Soviética sob Vladimir Lenin criou o moderno Estado ucraniano e o separou da Rússia, declarou ele, acrescentando que acredita que a Ucrânia está tentando criar armas nucleares que ameaçarão Moscou.

“A Ucrânia nunca teve tradições de seu próprio estado”, afirmou o presidente russo, descrevendo a parte oriental como “antigas terras russas”.

“A Rússia sempre tentou resolver todos os conflitos por meios pacíficos. No entanto, as autoridades de Kiev realizaram duas operações punitivas nesses territórios [Donetsk e Lugansk], e parece que agora estamos testemunhando uma escalada pela terceira vez”, declarou Putin, sem fornecer detalhes.

A televisão estatal russa mostrou Putin, acompanhado por líderes separatistas apoiados pela Rússia, assinando um decreto reconhecendo a independência das duas regiões separatistas ucranianas, juntamente com acordos de cooperação e amizade.

“Acho necessário tomar uma decisão que deveria ter sido tomada há muito tempo… para reconhecer imediatamente a independência e soberania da República Popular de Donetsk e da República Popular de Luhansk”, afirmou Putin em conclusão.

Forças Militares Ucranianas participam de um exercício militar com lançadores de mísseis antiaéreos sueco-britânicos da Next Generation Light Anti-tank Weapon (NLAW) no campo de tiro do Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança, perto da cidade ucraniana ocidental de Lviv, no dia 28 de janeiro de 2022 (AFP via Getty Images)
Forças Militares Ucranianas participam de um exercício militar com lançadores de mísseis antiaéreos sueco-britânicos da Next Generation Light Anti-tank Weapon (NLAW) no campo de tiro do Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança, perto da cidade ucraniana ocidental de Lviv, no dia 28 de janeiro de 2022 (AFP via Getty Images)

Após seu discurso e decreto, os líderes ocidentais descreveram a medida como ilegal e um sinal de que a Rússia invadirá a Ucrânia em um futuro próximo. Autoridades disseram que entre 100.000 e 190.000 soldados russos estão estacionados ao longo de sua fronteira com a Ucrânia, enquanto vídeos enviados nas mídias sociais por semanas mostraram armas, tanques e artilharia pesada da Rússia ​​sendo implantadas na região.

Em resposta, o governo Biden impôs sanções limitadas contra certos indivíduos russos, segundo um comunicado da Casa Branca. Outros líderes ocidentais reivindicaram o discurso e o decreto de Putin como uma escalada na crise de uma semana.

A Casa Branca afirmou que o presidente Joe Biden emitirá em breve uma ordem executiva “que proibirá novos investimentos, comércio e financiamento por pessoas dos EUA para, de ou em” Donetsk e Luhansk.

Essa ação “também dará autoridade para impor sanções a qualquer pessoa determinada a operar nessas áreas da Ucrânia”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, em comunicado na segunda-feira. O governo, ela continuou, “também anunciará, em breve, medidas adicionais relacionadas à flagrante violação de hoje dos compromissos internacionais da Rússia”.

O secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que o decreto de Putin “requer uma resposta rápida e firme” e que os Estados Unidos “tomarão as medidas apropriadas” em um futuro próximo.

A União Europeia também anunciou que emitiria sanções contra indivíduos “envolvidos neste ato ilegal” de reconhecer a independência das duas regiões ucranianas.

A Reuters contribuiu para esta reportagem.

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