Por Jack Phillips
Após o presidente russo, Vladimir Putin, afirmar que reconhecerá as regiões separatistas ucranianas de Donetsk e Lugansk como independentes, ele assinou um decreto, na segunda-feira, ordenando que tropas militares russas entrem na área.
De acordo com um decreto emitido pelo Kremlin e assinado por Putin, o Ministério da Defesa russo está agora autorizado a enviar tropas para a área de Donbass, no leste da Ucrânia, para “manter a paz”. Ele também afirmou ao Ministério das Relações Exteriores para estabelecer relações diplomáticas com Donetsk e Lugansk, segundo a mídia estatal russa.
Não ficou imediatamente claro se os militares russos já haviam entrado nas duas regiões separatistas. Também não está claro o tamanho da força que Putin enviaria, quando eles cruzariam a fronteira e exatamente qual seria sua missão.
Mais cedo na segunda-feira, Putin fez um longo discurso televisionado de seu escritório no qual afirmou que a Ucrânia é parte integrante da história da Rússia. A União Soviética sob Vladimir Lenin criou o moderno Estado ucraniano e o separou da Rússia, declarou ele, acrescentando que acredita que a Ucrânia está tentando criar armas nucleares que ameaçarão Moscou.
“A Ucrânia nunca teve tradições de seu próprio estado”, afirmou o presidente russo, descrevendo a parte oriental como “antigas terras russas”.
“A Rússia sempre tentou resolver todos os conflitos por meios pacíficos. No entanto, as autoridades de Kiev realizaram duas operações punitivas nesses territórios [Donetsk e Lugansk], e parece que agora estamos testemunhando uma escalada pela terceira vez”, declarou Putin, sem fornecer detalhes.
A televisão estatal russa mostrou Putin, acompanhado por líderes separatistas apoiados pela Rússia, assinando um decreto reconhecendo a independência das duas regiões separatistas ucranianas, juntamente com acordos de cooperação e amizade.
“Acho necessário tomar uma decisão que deveria ter sido tomada há muito tempo… para reconhecer imediatamente a independência e soberania da República Popular de Donetsk e da República Popular de Luhansk”, afirmou Putin em conclusão.
Após seu discurso e decreto, os líderes ocidentais descreveram a medida como ilegal e um sinal de que a Rússia invadirá a Ucrânia em um futuro próximo. Autoridades disseram que entre 100.000 e 190.000 soldados russos estão estacionados ao longo de sua fronteira com a Ucrânia, enquanto vídeos enviados nas mídias sociais por semanas mostraram armas, tanques e artilharia pesada da Rússia sendo implantadas na região.
Em resposta, o governo Biden impôs sanções limitadas contra certos indivíduos russos, segundo um comunicado da Casa Branca. Outros líderes ocidentais reivindicaram o discurso e o decreto de Putin como uma escalada na crise de uma semana.
A Casa Branca afirmou que o presidente Joe Biden emitirá em breve uma ordem executiva “que proibirá novos investimentos, comércio e financiamento por pessoas dos EUA para, de ou em” Donetsk e Luhansk.
Essa ação “também dará autoridade para impor sanções a qualquer pessoa determinada a operar nessas áreas da Ucrânia”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, em comunicado na segunda-feira. O governo, ela continuou, “também anunciará, em breve, medidas adicionais relacionadas à flagrante violação de hoje dos compromissos internacionais da Rússia”.
O secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que o decreto de Putin “requer uma resposta rápida e firme” e que os Estados Unidos “tomarão as medidas apropriadas” em um futuro próximo.
A União Europeia também anunciou que emitiria sanções contra indivíduos “envolvidos neste ato ilegal” de reconhecer a independência das duas regiões ucranianas.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.
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