O Palácio do Planalto divulgou nesta quarta-feira (18) que o líder da Rússia, Vladmir Putin, telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para se solidarizar pelos incêndios que devastam as florestas no Brasil em meio a uma seca histórica e evidências de atos criminosos.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, até a meia-noite de terça-feira (17), o país havia registrado 690 incêndios, sendo 290 extintos, 179 controlados e 108 queimadas ativas, ainda desafiando as forças de segurança.
Mas a tragédia ambiental não foi o único assunto na pauta. Também discutiram as relações bilaterais entre os dois países e os temas que serão debatidos na cúpula do BRICS — o grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa, em inglês, justificando o “S” da sigla).
O evento acontece em outubro em Kazan, uma das cidades mais antigas e culturalmente ricas da Rússia. Devido à sua grande quantidade de mesquitas, é também conhecida como a capital muçulmana do país.
Proposta do Brasil e China para a Guerra da Ucrânia
Segundo o Planalto, Lula e Putin falaram também sobre “a proposta de paz do Brasil e da China para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia”, que já dura dois anos e meio.
A proposta defende negociações diretas entre os países, baseando-se em três pontos: a não expansão do campo de batalha, a não escalada dos combates e a não intensificação da situação.
A ideia foi alinhada no final de maio, durante uma reunião entre o assessor especial Celso Amorim e o chanceler chinês Wang Yi. A diplomacia dos dois países também solicita o fim dos bombardeios à infraestrutura civil e a criação de uma zona segura em torno das usinas nucleares de ambos os lados da fronteira entre Ucrânia e Rússia.
“Teatro”, diz Zelensky sobre proposta do Brasil
Na semana passada, em entrevista ao portal de notícias Metrópoles, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky classificou a proposta do Brasil e da China como uma “declaração política” e uma ideia “destrutiva”.
“Não nos perguntaram nada”, disse Zelensky. “E a Rússia aparece e diz que apoia a proposta do Brasil e da China. Nós não somos tolos. Pra que serve esse teatro? Ou seja, vocês falaram com a Rússia sobre uma iniciativa, apresentaram esta iniciativa e disseram: ‘essa é a nossa proposta’”.
Para Zelensky, o Brasil assume uma posição “pró-Rússia”: “Definitivamente, não se trata de justiça, não se trata de valores”, disse o presidente ucraniano. “É uma falta de respeito à Ucrânia”.