O líder da Rússia, Vladimir Putin, enviou nesta quarta-feira (30) condolências ao presidente da China, Xi Jinping, pela morte do ex-líder chinês Jiang Zemin, a quem ele considerava um “amigo sincero” da Rússia.
Zemin, que faleceu aos 96 anos nesta quarta-feira, foi presidente da China entre 1993 e 2003, cumprindo dois mandatos de cinco anos, e mesmo após deixar o poder continuou a ser um influente político no país.
“O nome deste notável estadista está ligado de forma indissolúvel a um período importante da história recente da China, caracterizado por grandes conquistas no desenvolvimento social e econômico e no fortalecimento de suas posições internacionais”, diz a mensagem de condolências.
Putin ressaltou que Jiang, como “amigo sincero” da Rússia, “fez uma contribuição inestimável para as relações russo-chinesas e as levou a um nível de parceria e interação estratégica de confiança”.
“O Tratado de Boa Vizinhança, Amizade e Cooperação que assinamos com ele em 2001 lançou as bases para o aumento qualitativo de toda a gama de laços bilaterais”, acrescenta o texto.
Carreira política de Jiang Zemin
Jiang nasceu em 17 de Agosto de 1926, em Yangzhou, na província de Zhejiang. A região fica a nordeste do grande centro comercial de Xangai.
Segundo Jiang, ele foi adotado por seu tio quando tinha 13 anos de idade. O tio era um “herói comunista”, que morreu enquanto lutava contra o exército japonês na Segunda Guerra Mundial. Historiadores são céticos quanto à versão que Jiang conta da própria história. É óbvio que ele queria se distanciar de seu pai, Jiang Shijun. O pai de Jiang Zemin foi ministro no governo fantoche estabelecido pelos japoneses, quando o Japão ocupou a China na década de 1940, o que foi considerado traição.
Segundo a biografia de Jiang Zemin, no jornal de propaganda do partido comunista chinês, o “People ‘s Daily”, ele se juntou ao partido em 1946, enquanto estudava na Universidade Jiao Tong, de Xangai.
O People ‘s Daily diz que em 1956, Jiang Morou na Rússia, trabalhando como trainee no Stalin Automobile Works. Entretanto, houveram especulações de que Jiang se uniu ao escritório da KGB (a polícia secreta russa) para o extremo oriente, enquanto recebia treinamento em Moscou.
Ele se tornou prefeito de Xangai e vice-secretário do Comitê do Partido Comunista de Xangai, em 1985 e juntou-se ao Politburo do Comitê Central em 1987.
Jiang ascendeu ao poder em 1989, logo após Deng Xiaoping, então líder, mandar tanques e tropas para esmagar os protestos pró-democracia que eclodiam na Praça da Paz Celestial, em Pequim.
Apenas algumas semanas após o massacre, Jiang foi promovido a Secretário Geral do Partido, o líder do regime, substituindo Zhao Ziyang – que era receptivo ás manifestações dos estudantes.
Muitos acreditam que Jiang, promovido repentinamente quando estava prestes a se aposentar como chefe do partido em Xangai, foi o maior beneficiado da repressão militar na Praça da Paz Celestial, a qual estima-se ter assassinado milhares de manifestantes desarmados.
Em 1990, Jiang assumiu o controle do exército após Deng anunciar sua resignação. Três anos mais tarde, Jiang adquiriu também o título de Chefe de Estado.
Durante seu mandato, Jiang frequentemente ostentou seus feitos, incluindo a transferência de soberania de Hong Kong dos britânicos, em 1997, e colocar a China na Organização Mundial do Comércio, em 2001.
Contudo, o que Jiang nunca mencionou foram os muitos dissidentes chineses que foram presos. A repressão atingiu um novo patamar em 1999, quando Jiang iniciou a perseguição à prática espiritual Falun Gong.
A campanha política brutal também fez de Jiang o primeiro líder chinês a receber processos judiciais enquanto ainda estava no cargo. Em 2009, Jiang e quatro altos-oficiais do PCCh, foram indiciados por crimes de genocídio e tortura contra o Falun Gong na corte nacional da Espanha.
Em 2003, três grupos de apoio ao Tibete entraram juntos com uma ação criminal no Tribunal Superior de Justiça da Espanha, acusando Jiang e Li Peng, o líder aposentado e chefe-de-parlamento aposentado, respectivamente, de cometer genocídio e crimes contra a humanidade no Tibete.
Frank Fang contribuiu para está notícia.
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