Na segunda-feira (26), o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Vietnã (PCV) firmaram um protocolo de cooperação política na sede do PT, em Brasília. O acordo menciona “igualdade, independência, respeito mútuo e não interferência em assuntos internos” entre as duas legendas.
Esteve presente o secretário do Comitê Central e presidente da Comissão para Informação e Educação do PCV, Nguyen Trong Nghia. Ele afirmou que a delegação vietnamita estava “animada” e “honrada” com a primeira visita oficial ao Brasil. “Momento de alegria”, disse Nghia.
A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, esteve no encontro e disse que o intercâmbio político com o PCV é “muito importante” para seu partido.
Gleisi elogiou a “histórica luta” do país asiático contra o que ela chama de “imperialismo, colonialismo e liberalismo”. Também falou na formação de uma “frente democrática e progressista” de oposição ao que ela entende por “fascismo” – numa referência às eleições municipais de outubro deste ano no Brasil.
“O governo do presidente Lula é uma oportunidade que temos para estreitar os laços na luta contra o liberalismo”, declarou a deputada.
Além de Gleisi e Nguyen, a reunião contou com a presença de outros petistas: Henrique Fontana, secretário-geral do partido; Saulo Dias, secretário de Desenvolvimento e Meio Ambiente; Joaquim Soriano, secretário de Assuntos Institucionais; Mônica Valente, secretária-executiva do Foro de São Paulo; e Valter Pomar, diretor da Fundação Perseu Abramo.
Homenagem ao genocida Ho Chi Minh
Também esteve presente o secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira. No encontro, ele fez homenagem ao genocida vietnamita Ho Chi Minh (1890-1969) – fundador do Partido Comunista da Indochina em 1930, que se tornou o atual PCV.
Pereira exaltou a memória de Ho Chi Minh enquanto “revolucionário comunista” e “estadista”.
Líder da Revolução de Agosto em 1945, que lutou contra o domínio colonial francês e japonês no Vietnã, Ho Chi Minh instalou uma ditadura comunista no país, após mergulhá-lo em guerras como a da Indochina e do Vietnã – que dividiu a nação asiática entre Vietnã do Norte (comunista) e o Vietnã do Sul (apoiado pelos Estados Unidos).
O ditador vietnamita ajudou a colocar no poder o também ditador e genocida Pol Pot (1925-1998) no país vizinho – o Camboja.
Mandados para campos de concentração, vietnamitas e cambojanos que escaparam vivos das torturas relatam humilhações indescritíveis, além da perda das liberdades civis. Com o povo imerso na miséria, a comunização vietnamita trouxe recrutamento obrigatório até de crianças para o trabalho escravo.
Cientista político contabilizou mortes
Professor emérito da Universidade do Havaí, o escritor e cientista político norte-americano Rudolph Joseph Rummel (1932-2014) montou uma base de dados sobre violência e guerra. Usou o termo “democídio” para assassinato pelo governo.
Suas pesquisas levaram-no a afirmar que morreram seis vezes mais pessoas por democídio durante o século XX do que em todas as guerras daquele século, somadas.
No capítulo 6 do livro “Estatísticas de Democídio”, Rummel sustenta que, de todos os países, o democídio no Vietnã e pelos vietnamitas é o mais difícil de desvendar e avaliar:
Ele está misturado a seis guerras que abrangem 43 anos (a Guerra da Indochina, a Guerra do Vietnã, a Guerra do Camboja, a subsequente guerra de guerrilha no Camboja, a guerra de guerrilha no Laos e a Guerra Sino-Vietnamita), uma delas envolvendo os Estados Unidos; uma divisão formal de quase 21 anos do país em duas partes soberanas Norte e Sul; a comunização total do Norte; ocupação de países vizinhos pelo Norte e pelo Sul; derrota, absorção e comunização do Sul; e a fuga massiva por mar de vietnamitas.
Quanto às estatísticas de estimativas, cálculos e fontes do democídio vietnamita durante o período de comunização do país, o cientista político sustenta:
Até onde posso determinar, durante tudo isso, perto de 3.800.000 vietnamitas perderam suas vidas por violência política, ou quase um em cada dez homens, mulheres e crianças. Destes, cerca de 1.250.000, ou quase um terço dos mortos, foram assassinados.
Fazendo um comparativo segundo os dados de Rummel, o número de civis mortos pelos EUA na tão polêmica guerra do Vietnã é estimado entre 4 e 10 mil, em sua maioria vítimas de bombardeio ou atrocidades de soldados ensandecidos que foram devidamente julgados e condenados, enquanto a ditadura do Partido Comunista, conforme citado acima, foi responsável pela morte de quase 3.8 milhões de vietnamitas, dos quais mais de 1,25 milhão foram assassinados diretamente pelo regime.