Próxima cúpula do G20 segue sob rigoroso escrutínio enquanto protestos de Hong Kong continuam

Manifestantes de Hong Kong decidiram recentemente que irão levantar as suas vozes na cúpula do G20 na esperança de que as suas preocupações sobre a lei de extradição do seu governo sejam consideradas nas discussões entre os chefes de estado

23/06/2019 23:49 Atualizado: 24/06/2019 01:44

Por Frank Fang, Epoch Times

Enquanto os protestos em Hong Kong contra um projeto de lei de extradição polêmico continuam, muita atenção agora está sendo dada à forma como os líderes mundiais responderão às demandas de Hong Kong na próxima cúpula do G20.

O G20 é uma cúpula internacional de cooperação da qual participaram representantes do governo e governadores de bancos centrais da União Europeia e outros 19 países, incluindo Brasil, Canadá, China, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

A cúpula tem sido um evento anual desde 2011. Este ano, o fórum será realizado em Osaka, no Japão, em 28 e 29 de junho.

Os manifestantes de Hong Kong decidiram recentemente que irão levantar as suas vozes na cúpula do G20 na esperança de que as suas preocupações sobre a lei de extradição do seu governo sejam consideradas nas discussões entre os chefes de estado.

A Frente de Direitos Humanos Civis (CHRF), um corpo de proteção dos grupos pró-democracia de Hong Kong, anunciou em 21 de junho que organizaria outro comício em Edimburgo em 26 de junho, de acordo com a página do evento no Facebook.

香港人!G20峰會前再集結!林鄭仍未回應民間五大訴求,道歉欠缺誠意,另一方面逃犯條例修訂在建制派之間嘗試死灰復燃,我們希望在國際大事:G20峰會之前,再度與香港人集結,在國際壓力上再給予林鄭月娥重重一擊!香港人,頂住!G20…

民間人權陣線 Civil Human Rights Front စာစုတင်ရာတွင် အသုံးပြုမှု ၂၀၁၉၊ ဇွန် ၂၁၊ သောကြာနေ့

“Antes deste importante evento no cenário internacional, devemos nos mobilizar novamente para dar outro golpe em Carrie Lam! Hongkongers, fiquem firmes! ”, dizia a publicação.

A reunião de uma hora está programada para começar às 20h, horário local.

O CHRF foi responsável por organizar as duas marchas de protesto em massa vistas nas últimas semanas, com a mais recente em 16 de junho, atraindo cerca de 2 milhões de participantes em uma cidade de 7,5 milhões de pessoas. Foi o maior protesto na história de Hong Kong.

June 16 HK protest
Insatisfeitos com a suspensão do polêmico projeto de extradição do governo, estima-se que 2 milhões de habitantes de Hong Kong tenham saído às ruas no domingo, 16 de junho, para exigir a retração total do projeto e a demissão de Carrie Lam, líder de Hong Kong (Gang Yu / The Epoch Times)

A entidade responsável exigiu que a líder de Hong Kong, Carrie Lam, retire completamente o seu projeto de lei do governo do conselho legislativo majoritário pró-Pequim (LegCo) e renuncie.

Muitos moradores de Hong Kong continuam preocupados com o fato de que se a lei passar pela LegCo, Pequim poderia pressionar o governo da cidade a entregar cidadãos de qualquer nacionalidade para serem julgados nos tribunais do regime comunista chinês sob falsos pretextos.

Alemanha

Martin Patzelt, membro da União Democrata Cristã e do Comitê de Direitos Humanos e Ajuda Humanitária no Parlamento alemão, pediu à chanceler alemã, Angela Merkel, que eleve o descontentamento em torno do projeto de extradição de Hong Kong com o líder chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20.

Patzelt fez os comentários após uma reunião com dois dos ativistas anti Partido Comunista Chinês (PCC), Ray Wong Toi-yeung e Alan Li Tung-sing, em 20 de junho, segundo a organização de direitos humanos Hong Kong Watch. Os dois ativistas receberam asilo político pelo governo alemão em maio.

Ray Wong Toi Yeung and Alan Li Tung Sing
Ray Wong Toi Yeung e Alan Li Tung Sing, dois ativistas de direitos humanos de Hong Kong que receberam status de refugiados na Alemanha, conversam com jornalistas ao chegarem a um evento em Berlim organizado pelos Greens para marcar o 30º aniversário da repressão de Tiananmen em 1989 em Pequim, em 4 de junho de 2019 (ODD ANDERSEN / AFP / Getty Images)

“Os jovens manifestantes que bloquearam a adoção da lei de extradição em 12 de junho são os defensores da liberdade e devem ser elogiados por sua grande coragem e notável compromisso político diante da ameaça de sua liberdade ser restringida”, declarou Patzelt.

Em 12 de junho, protestos pacíficos chegaram ao caos por volta das 15 horas, hora local, depois que alguns manifestantes tentaram romper as linhas policiais do lado de fora do prédio da LegCo no Almirantado. Depois de empurrar de volta contra esses manifestantes, a polícia local usou gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha em uma tentativa de tirar todos os manifestantes das ruas.

Atualmente, o debate sobre a lei de extradição foi “suspenso por tempo indeterminado” depois que Lam recuou atordoada, em 15 de junho, diante dos esforços contínuos para derrubar o projeto de lei através do conselho. Mas ela parou de reconhecer qualquer uma das demandas dos manifestantes.

Hong Kong Chief Executive Carrie Lam attends a news conference in Hong Kong
A diretora executiva de Hong Kong, Carrie Lam, fala em coletiva de imprensa em Hong Kong, em 15 de junho de 2019 (Athit Perawongmetha / Reuters)

“Peço ao governo de Hong Kong que retire e não suspenda a proposta de lei de extradição em face da clara oposição do povo de Hong Kong”, declarou Patzelt, reiterando as demandas reais dos manifestantes.

O jornal alemão, Süddeutsche Zeitung, publicou um artigo em 21 de junho pedindo aos governos estrangeiros – não apenas aos membros do G20 – que pressionassem o PCC, em Pequim, para considerar os direitos dos Hongkongers à liberdade que lhes foi prometida sob o acordo “um país, dois sistemas” de 1984. O modelo pretendia preservar a autonomia e as liberdades de Hong Kong enquanto sob o domínio do PCC.

“Os países estrangeiros devem, portanto, deixar claro ao governo chinês as conseqüências que a privação de liberdade traria para Hong Kong”, afirmou o artigo.

Acrescentou: “Aqueles que ignoram sua situação [de Hong Kong] se resignam ao regime [chinês] autocrático”.

Um manifestante segura um cartaz com as palavras “Carrie Lam Step Down” em Hong Kong em 9 de junho de 2019 (Yu Gang / The Epoch Times)

O modelo “um país, dois sistemas” entrou em vigor em 1997 e a soberania da cidade foi transferida da Grã-Bretanha para a China.

No entanto, a cidade desde então tem visto a influência invasora da ideologia do PCC impactar a política local, educação e liberdade de imprensa – para a insatisfação dos Hongkongers.

Agora, as preocupações aumentaram ainda mais porque, se a lei, que inclui o continente, fosse aprovada, iria corroer a independência judicial de Hong Kong, que os críticos dizem sinalizar o fim do modelo “um país, dois sistemas”.

Canadá

Em 20 de junho, Alex Neve, secretário geral da Anistia Internacional do Canadá, enviou uma carta ao primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, em nome da Coalizão Canadense pelos Direitos Humanos na China.

A carta pedia a Trudeau que levantasse questões de direitos humanos, incluindo a atual situação em Hong Kong, em uma possível reunião com Xi na cúpula.

“Assegurar que o governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong evite usar força excessiva contra os manifestantes, retire a lei de extradição e se comprometa a preservar o alto grau de autonomia, Estado de direito e um judiciário independente em Hong Kong”, dizia a carta.

A Anistia Internacional publicou recentemente um relatório confirmando que a polícia de Hong Kong empregou o “uso desnecessário e excessivo da força” para dispersar os manifestantes pacíficos em 12 de junho.

A Coalizão Canadense de Direitos Humanos na China, formada por 15 organizações canadenses, incluindo a organização sem fins lucrativos Canadá-Hong Kong Link, dedica-se a garantir que as questões de direitos humanos façam parte das negociações do Canadá com a China.

Trudeau ainda tem que confirmar se ele vai levantar a situação em Hong Kong com Xi em uma reunião. Ele tem estado sob pressão, particularmente dos políticos conservadores do Canadá, para chegar a Xi sobre os dois canadenses que permanecem detidos na China.

Os Estados Unidos

Em entrevista à Fox News em 16 de junho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, confirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levantaria a questão de Hong Kong com Xi se os dois líderes se reunissem no Japão durante a cúpula.

“Tenho certeza de que isso estará entre os assuntos que eles discutem”, afirmou Pompeo.

Joshua Wong, a figura icônica do Movimento Umbrella de 2014 e atual secretário-geral do partido político de Hong Kong, Demosisto, solicitou aos líderes mundiais que pedissem para Xi “deixar que Hong Kong tenha democracia e não corroer a liberdade de Hong Kong,” de acordo com um artigo de 19 de junho do Telegraph.

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