Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um alerta severo sobre o aumento da dívida pública em países ao redor do mundo, com destaque para os Estados Unidos devido a seus déficits fiscais persistentes e pressões crescentes de gastos.
O mais recente relatório Fiscal Monitor do FMI, divulgado em 15 de outubro, projeta que a dívida pública global ultrapassará US$ 100 trilhões em 2024, equivalente a cerca de 93% do produto interno bruto (PIB) global, podendo se aproximar de 100% do PIB até o final da década. Os Estados Unidos, em particular, enfrentam riscos significativos se as políticas fiscais não forem ajustadas com urgência.
O relatório enfatiza que países, incluindo os EUA, precisam enfrentar os riscos da dívida com estratégias fiscais cuidadosamente elaboradas. Ele alerta que os níveis de dívida podem ser piores do que o previsto, devido a pressões de gastos, dívidas não identificadas e projeções de dívida excessivamente otimistas.
A dívida não identificada, que se refere a passivos que não aparecem explicitamente nos documentos orçamentários, como responsabilidades contingentes, perdas de empresas federais como o Serviço Postal dos EUA e outras obrigações fora do balanço, representa um risco significativo para a sustentabilidade da dívida, segundo o FMI.
“Há boas razões para acreditar que os futuros níveis de dívida podem ser maiores do que os projetados atualmente”, afirma o resumo executivo do relatório, destacando que, em média, as proporções dívida/PIB três anos à frente tendem a ser cerca de 6 pontos percentuais maiores do que o originalmente previsto.
O FMI atribui essa possível subestimação dos níveis de dívida a vários fatores, incluindo um clima político cada vez mais favorável a maiores gastos governamentais. Esses gastos estão sendo impulsionados por preocupações com segurança, envelhecimento da população e investimentos na transição verde.
“Reconstruir amortecedores fiscais de maneira amigável ao crescimento e conter a dívida é essencial para garantir finanças públicas sustentáveis e a estabilidade financeira”, urge o relatório.
Em um post relacionado no blog, intitulado “A Dívida Pública Global Provavelmente É Pior do que Parece”, economistas do FMI afirmam que os esforços atuais para conter o crescimento da dívida são insuficientes. Eles argumentam que atrasos nas ações fiscais levarão a custos ainda maiores e riscos crescentes. “[A] experiência mostra que dívida elevada e falta de planos fiscais credíveis podem desencadear reações adversas do mercado, limitando a margem de manobra em tempos de turbulência”, escreveram os economistas, enfatizando a necessidade de medidas proativas, como a redução de gastos.
A análise do FMI mostra que os ajustes fiscais planejados, como a redução de gastos em 1% do PIB ao longo de seis anos, são insuficientes para estabilizar a dívida. Em vez disso, seria necessário um aperto cumulativo de 3,8% do PIB para reduzir significativamente os níveis de dívida, com um esforço “substancialmente maior” sendo necessário nos EUA.
Sem ajustes fiscais substanciais, a dívida dos EUA continuará em um caminho insustentável, alerta o relatório. O país enfrenta crescentes demandas de gastos, principalmente devido aos custos com saúde, envelhecimento populacional e necessidades de defesa, agravadas por tensões geopolíticas crescentes.
O FMI identifica a reforma dos programas de despesas obrigatórias, como a Previdência Social e o Medicare, como um passo crucial. Esses programas representam uma grande e inflexível parcela do orçamento dos EUA, e reformá-los poderia ajudar a controlar os gastos. Além de cortes nos gastos, o FMI sugere que os EUA poderiam aumentar a arrecadação elevando impostos ou removendo isenções fiscais.
O novo quadro de “dívida em risco” desenvolvido pelo FMI—uma ferramenta usada para estimar possíveis resultados da dívida sob diferentes condições econômicas—indica que a dívida pública dos EUA poderia aumentar drasticamente em cenários adversos.
O capítulo 1 do relatório do FMI observa que, para “economias avançadas sistemicamente importantes, como os Estados Unidos, nas quais o déficit primário é o maior impulsionador da dívida em risco, a dívida em risco três anos à frente é estimada em mais de 150% do PIB, 20 pontos percentuais a mais do que a projeção de dívida de referência na Perspectiva Econômica Mundial de outubro de 2024.”
Governança fiscal mais forte também é essencial, de acordo com o FMI, que a descreve como “fundamental para mitigar o acúmulo de dívida não identificada e conter vulnerabilidades da dívida”. Países com melhor governança fiscal—marcada pela transparência orçamentária e adesão a regras fiscais—tendem a ter níveis mais baixos de dívida não identificada, mesmo em tempos de estresse financeiro.