Oito manifestantes foram presos e sete agentes das forças de segurança ficaram feridos durante violentos confrontos ocorridos entre quarta e quinta-feira em frente ao Congresso da Argentina, em Buenos Aires, onde estava sendo debatida a “Lei Omnibus”, informou nesta sexta-feira o governo.
O projeto de lei do presidente do país, Javier Milei, está sendo debatido desde quarta-feira no Congresso. Por meio da proposta, o chefe do Executivo pretende assumir poderes legislativos, no âmbito de um período de várias emergências.
Em sua entrevista coletiva diária, o porta-voz do governo, Manuel Adorni, descreveu o trabalho das forças de segurança como “titânico” e afirmou que os agentes conseguiram deter quem usou de violência.
Na mesma linha, a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, justificou a ação policial, afirmando que ela evitou a “desordem total”.
A tensão entre manifestantes e polícia, que agiu de acordo com as estritas indicações do protocolo de segurança implementado pelo governo de Milei, piorou consideravelmente na quinta-feira, quando as forças de segurança atacaram os manifestantes e usaram balas de borracha, jatos de água e spray de pimenta para reprimi-los.
“Não estamos dispostos a permitir que um ‘pequeno grupo’ de pessoas violentas tente, queira ou consiga impedir um debate legislativo”, disse Adorni.
Depois de se referir aos policiais feridos, o porta-voz não mencionou os cerca de 20 profissionais da imprensa que foram atacados ontem enquanto realizavam seu trabalho nos arredores do Congresso, de acordo com o Sindicato da Imprensa de Buenos Aires (SiPreBa).
Quando perguntado sobre o assunto por jornalistas, o porta-voz se recusou a se referir a esses eventos e se limitou a dizer que o governo está comprometido com a liberdade de imprensa.
As declarações do porta-voz contrastam com as que fez um dia antes, quando expressou a solidariedade do governo a um jornalista da emissora de televisão argentina “TN” que foi atacado por vários manifestantes em frente às câmeras.
A ação policial na praça do Congresso durante o debate sobre a “Lei Omnibus” (do latim, “para todos”) foi amplamente criticada pela esquerda, pelo peronismo e por organizações independentes, como a Defensoria Pública da Cidade de Buenos Aires, que solicitou uma investigação sobre o possível cometimento de crimes pelas forças de segurança envolvidas.