Proposta para eliminar eleições primárias causa controvérsia na Argentina

Por Agência de Notícias
01/11/2022 15:10 Atualizado: 01/11/2022 15:10

A proposta do partido governista da Argentina de eliminar as eleições Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias, conhecidas como PASO, que são realizadas antes dos pleitos presidenciais e legislativos, está gerando polêmica com a oposição, quando falta menos de um ano para a próxima disputa eleitoral.

“O que estão fazendo é errado. É como querer mudar as regras do jogo de uma eleição que acontece em poucos meses. É como se quiséssemos mudar as regras do futebol um mês antes da Copa do Mundo”, disse nesta terça-feira o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, um dos opositores mais cotados a participar da corrida presidencial.

Para o político, do mesmo partido do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), “uma mudança eleitoral não pode ser proposta por conveniência do governo no poder”, já que em sua opinião “claramente” o partido governista a está promovendo porque lhe convém, e esclareceu que seria “diferente” se quisessem discutir o tema no futuro.

A ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich também se mostrou contra a iniciativa: “Estou cansada dessa coisa do PASO. Esse partido governista, que não sabe para onde ir e deixa todo mundo tonto, nos faz falar de coisas poucas sérias”.

O ministro do Interior, Eduardo de Pedro, declarou esta semana que “100% dos governadores provinciais” da coalizão governista Frente de Todos se declararam “a favor de não haver quatro eleições no ano”, e indicou que também trabalha em um projeto para eliminar as eleições intermediárias, que acontecem a cada dois anos para renovar parcialmente o Senado e a Câmara dos Deputados.

No entanto, o presidente Alberto Fernández afirmou, em um ato na semana passada perante ministros de vários países latino-americanos, que não quer que “processos eleitorais em curso sejam distorcidos em nenhum lado”, o que foi interpretado como uma opinião contrária à eliminação do PASO.

Novo projeto legislativo

Deputados aliados ao partido governista apresentaram um projeto de revogação do PASO, instituído por lei em 2009 e com o qual cada coligação decide, a cada dois anos, seus candidatos a deputados e senadores e, a cada quatro, seus candidatos à presidência.

Em muitos casos se dá a situação que as coligações chegam a essas primárias com uma lista única, sem competição interna, de modo que os PASOs se tornam uma espécie de enquete, antes das eleições gerais, financiadas pelo Estado.

“Acreditamos que os PASOs há muito perderam a utilidade com que foram concebidos”, explicou Luis Di Giacomo, um dos promotores do projeto.

No texto apresentado, os deputados lembram que nos últimos anos “e em quase todos os espaços políticos”, inclusive o de Macri, foram apresentados projetos de lei relacionados à modificação ou à revogação do PASO.

Entre os motivos usados ​​para eliminá-los estão também os gastos eleitorais e o fato de os cidadãos estarem sujeitos a um extenso calendário eleitoral.

 

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