A proposta atual da Comissão Europeia que proíbe as importações de petróleo russo está ameaçada depois que a Hungria alertou que não pode aceitar a proibição, afirmando que isso seria uma “bomba nuclear” para a sua economia.
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, fez os comentários sobre a proposta “inaceitável” durante uma entrevista com a emissora pública Kossuth Radio na sexta-feira.
Orban disse que a proposta da UE seria semelhante a “jogar uma bomba nuclear na economia húngara”, acrescentando que sua aprovação “seria o fim dos limites de preços de serviços públicos”segundo relatórios locais.
Ele alertou que os preços da gasolina no país podem chegar a 700 florins húngaros (aproximadamente 10 reais) por litro, enquanto o diesel pode custar até 800.
“A batalha que estou travando agora é uma batalha para proteger os tetos de preços de serviços públicos da Hungria”, disse Orban, observando que a substituição das importações russas de petróleo pode levar anos e custar milhões ao país. Mudanças no sistema de transmissão de energia da Hungria também podem custar bilhões à nação, disse o primeiro-ministro.
Os investimentos necessários para fazer essas mudanças levariam até cinco anos, disse ele, embora pareça mirar na UE, que afirmou ter alocado dinheiro para financiar tais desenvolvimentos, mas “ainda não nos deu esse dinheiro”, o que significa que “não as obras não podem começar até que ele chegue”.
Orban, que está embarcando em seu quarto mandato consecutivo, também tratou sobre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em seus comentários na quinta-feira.
Observando que os estados membros da UE haviam concordado anteriormente que o bloco deveria apenas tomar medidas que levem em consideração a soberania de cada estado sobre seus recursos energéticos, Orban, disse que von der Leyen “deliberadamente ou não, atacou essa unidade europeia conquistada com muito esforço”.
Sem saída para o mar, a Hungria depende muito do petróleo russo, obtendo quase 65% de seus suprimentos de petróleo e 85% de seu gás da Rússia.
Enquanto as nações com portos marítimos podem receber suprimentos de energia por meio de navios, a Hungria, entre outros países sem litoral, depende exclusivamente de oleodutos para transportar o petróleo.
“O oleoduto que leva à Hungria começa na Rússia… isso é certo”, disse Orban.
O Epoch Times entrou em contato com um porta-voz da Comissão Europeia para comentar.
Orban, no entanto, afirmou que a Hungria estava pronta para negociar qualquer nova proposta que atendesse aos interesses do país.
Seus comentários vêm em meio à proposta da Comissão Europeia (CE) de “uma proibição completa de importações de todo o petróleo russo marítimo e oleoduto, bruto e refinado”, até o final do ano em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, que começou em fevereiro.
Durante a sessão plenária do Parlamento Europeu na França na quarta-feira, von der Leyen confirmou a proposta da CE que, segundo ela, verá uma eliminação gradual da dependência europeia do petróleo russo.
“Garantiremos a eliminação gradual do petróleo russo de forma ordenada, de uma maneira que permita a nós e nossos parceiros garantir rotas alternativas de abastecimento e minimizar o impacto nos mercados globais”, disse von der Leyen.
“Assim, maximizamos a pressão sobre a Rússia e, ao mesmo tempo, minimizamos os danos colaterais para nós e nossos parceiros em todo o mundo. Porque para ajudar a Ucrânia, nossa própria economia precisa permanecer forte.”
Tanto a Hungria quanto a Eslováquia receberam um ano extra para fazer arranjos alternativos sob uma revisão no início desta semana.
No entanto, a proposta ainda precisa do acordo unânime dos 27 membros do bloco antes de entrar em vigor.
Orban disse na quinta-feira que o processo de deixar o petróleo russo e fazer arranjos alternativos precisaria de cinco anos para ser concluído, acrescentando que “um ano ou um ano e meio não é suficiente para nada”.
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