Por EFE
O Ministério Público Fiscal da Argentina disse nesta segunda-feira que a ex-presidente do país e atual vice, Cristina Kirchner, e seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, criaram “uma das matrizes mais extraordinárias de corrupção” durante seus mandatos.
A acusação foi feita na fase de alegações de um julgamento que tem Cristina no banco dos réus por supostas irregularidades na concessão de obras públicas quando ela era presidente.
O promotor Diego Luciani disse que o Ministério Público Fiscal “tem em evidência” que entre 2003 e 2015 funcionou na presidência “uma associação ilícita de características únicas” e em forma “piramidal” que tinha “em seu topo aqueles que serviram como chefes de Estado”.
Os argumentos foram apresentados em uma audiência realizada por videoconferência perante o Tribunal Oral na Justiça Criminal Federal em Buenos Aires, da qual participou a líder kirchnerista.
O julgamento, que começou em 21 de maio de 2019, poucos dias depois que Cristina anunciou sua aliança com Alberto Fernández para as eleições de outubro daquele ano, que eles acabaram vencendo, entrou assim em sua reta final, e espera-se um veredicto antes do final deste ano.
O promotor disse que ficou provado que Néstor e Cristina Kirchner “instalaram e mantiveram dentro da administração nacional e provincial de Santa Cruz uma das mais extraordinárias matrizes de corrupção que, infelizmente, já se desenvolveu no país”.
De acordo com ele, a administração pública “criou um sistema autêntico e eficaz de corrupção institucional” em paralelo com as funções de governo.
Luciani indicou que para isso “a concessão de obras públicas viárias em (a província de) Santa Cruz foi escolhida intencionalmente” como medida para desviar fundos e “foi criado” um “proponente”, ou seja, a construtora Lázaro Báez, para favorecê-lo nas licitações de obras públicas viárias.
Cristina Kirchner está sendo processada pelo suposto crime de associação ilícita e fraude em detrimento da administração pública.
O caso envolve supostas irregularidades na concessão de 51 contratos de obras públicas a empresas pertencentes ao empresário Lázaro Báez durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner em Santa Cruz.
O próprio Báez, o ex-ministro do Planejamento Federal Julio De Vido e o ex-secretário de Obras Públicas José López, entre outros ex-membros do governo argentino, também são acusados no caso.
O promotor lembrou que o casal Kirchner e Báez eram parceiros comerciais e que o empresário era um grande amigo de Néstor Kirchner.
Sentada no banco dos réus pela primeira vez, oito dias antes de tomar posse como vice-presidente, em 2 de dezembro de 2019, a viúva de Kirchner alegou, como tem feito com o resto das acusações das quais é alvo, que o processo se trata de uma perseguição judicial iniciada no governo de seu sucessor na presidência, Mauricio Macri (2015-2019).
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