Produtor musical americano é preso por fraude ao faturar US$ 10 milhões com músicas geradas por IA

Michael Smith criou bandas e fãs falsos em plataformas de streaming.

Por Redação Epoch Times Brasil
11/09/2024 20:25 Atualizado: 11/09/2024 20:25

O produtor musical norte-americano Michael Smith, de 52 anos, foi preso na quarta-feira passada (4), sob acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.

Smith teria criado um esquema para enganar plataformas de streaming, no qual foram geradas milhares de músicas por meio de inteligência artificial (IA). A operação ilícita arrecadou aproximadamente US$ 10 milhões – o equivalente a R$ 50,65 milhões, considerando a cotação atual do dólar.

Streaming é a tecnologia que possibilita escutar músicas e assistir a vídeos sem precisar fazer download – ou seja, baixar arquivos.

De acordo com a revista Variety, Smith desenvolveu uma rede complexa de contas robóticas em serviços de streaming como Amazon Music, Apple Music e Spotify. Utilizando essas contas, o produtor manipulava as plataformas para tocar automaticamente suas músicas geradas por IA, resultando em mais de 660 mil execuções diárias.

A acusação sustenta que esse método foi essencial para o sucesso financeiro do esquema, permitindo a Smith acumular a quantia vultosa de dinheiro. Inicialmente, ele teria começado com músicas produzidas manualmente.

Contudo, ao perceber que a detecção de fraude nas plataformas era mais eficaz com o volume crescente de execuções, adaptou sua estratégia. Começou a gerar um número massivo de faixas usando IA, o que ajudava a evitar a detecção pelos sistemas antifraude das plataformas.

Produtor usou VPN no esquema

Além da criação de contas falsas, o produtor adquiriu grande quantidade de endereços de e-mail, sustentando aparência de popularidade e engajamento das músicas. Para esconder sua identidade e localização, recorreu ao uso de serviços de VPN – sigla para Virtual Private Network, ou Rede Privada Virtual.

Os serviços VPN, inclusive, tiveram buscas aumentadas na internet, após o bloqueio do X no Brasil. Eles criam camada de segurança com criptografia do IP (endereço de protocolo da internet), o que permite ao usuário navegar na internet sem restrições geográficas.

Sem VPN, o IP permite a identificação do computador usado no acesso à rede. Por meio de uma rede VPN, é possível ter acesso a serviços bloqueados numa região, já que é gerado um número aleatório de IP – e o computador desta forma não é identificado. Os dados são criptografados e tornam a navegação anônima e não rastreável.

Apurações contra Smith iniciaram em 2023

Smith enfrenta acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. As investigações começaram no ano passado, quando a Mechanical Licensing Collective (MCL), empresa responsável pela concessão de licenças para reprodução e distribuição musical, detectou irregularidades nas suas atividades.

A MCL suspeitou que a rápida criação de músicas em volume tão elevado só seria possível com o uso de IA. Em comunicado oficial, a empresa de licenças destacou o caso, apontando que ele revela um problema grave de fraude no setor de streaming.

A instituição enfatizou que a situação não apenas afeta plataformas e produtores legítimos, mas também compromete a integridade da indústria musical como um todo.