O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou nesta segunda-feira (05) a abertura de uma investigação criminal contra o candidato presidencial da oposição, Edmundo González, e a líder oposicionista, María Corina Machado.
A medida foi tomada em resposta a um comunicado emitido por ambos, no qual reconhecem González como presidente eleito do país e fazem um apelo para que as forças armadas “se coloquem ao lado do povo e de suas famílias”.
Saab alegou que as declarações de González e Machado indicam a suspeita de diversos crimes, incluindo “usurpação de funções”, “disseminação de informações falsas para semear medo” e “conspiração”.
Na carta, divulgada horas antes, os opositores afirmam que a eleição de 28 de julho foi vencida de forma incontestável, descrevendo-a como uma “avalanche eleitoral” e pedem que a voz do povo seja respeitada.
“Nós vencemos esta eleição sem qualquer dúvida. Foi uma avalanche eleitoral”, continuaram. “Agora cabe a todos nós respeitar a voz do povo.”
González e Machado apelaram aos membros das forças de segurança para reconsiderarem sua lealdade a Maduro.
Maduro anunciou no sábado (3) que seu governo prendeu cerca de 2.000 opositores e, durante um comício em Caracas, prometeu deter mais pessoas e enviá-las para prisões de segurança máxima.
A organização de direitos humanos Provea divulgou nesta segunda-feira (5) um relatório que analisa o clima pós-eleitoral na Venezuela.
O documento conclui que a resposta do regime venezuelano ao descontentamento popular tem sido marcada pelo “uso desproporcional da força”.
Segundo o relatório, essa abordagem resultou na morte de manifestantes — com 11 óbitos confirmados pelo Foro Penal, uma instituição que defende presos políticos na Venezuela — e na “ação coordenada entre forças de segurança e grupos de civis armados favoráveis a Nicolás Maduro para reprimir os protestos”.
Além disso, houve um aumento de prisões arbitrárias. A organização ainda informou que o número de prisões contra opositores reais ou percebidos pelo regime é equivalente a cerca de 42% “do número total de prisões arbitrárias registradas pela Provea entre abril e agosto de 2017, o ciclo de protestos mais importante no país desde 1989”.