Primeira-ministra do Reino Unido reafirma compromisso com declaração conjunta sino-britânica em último discurso

18/07/2019 21:24 Atualizado: 19/07/2019 10:38

Por Frank Fang, Epoch Times

Theresa May, em resposta a uma pergunta da plateia após seu último discurso como primeira-ministra britânica, destacou que o Reino Unido está comprometido em observar a Declaração Conjunta Sino-Britânica..

O tratado, assinado em 1984, regia a transferência de soberania de Hong Kong dos britânicos para o domínio chinês em 1997. Ambos os lados haviam prometido preservar a autonomia e as liberdades essenciais da cidade.

May mencionou o Brexit, o acordo nuclear com o Irã, e outras questões diplomáticas internacionais durante seu discurso no instituto britânico de pesquisa política Chatham House, em 17 de julho.

Após seus comentários, May recebeu uma pergunta de um homem que se identificou como sendo da embaixada da China em Londres. Ele perguntou se ela tinha algum conselho para seu sucessor, dadas as disputas entre os países em questões relacionadas a Hong Kong e à gigante de telecomunicações chinesa Huawei.

May respondeu à pergunta dizendo que o relacionamento sino-britânico é importante, especialmente no campo do comércio bilateral e investimentos.

Ela então acrescentou: “há questões em que precisamos ser muito claros com a China. E a continuação da Declaração Conjunta em relação a Hong Kong é uma delas… diríamos à China que ela precisa ser respeitada, precisa ser respeitada e continuar a ser respeitada. ”

Nas últimas semanas, as autoridades chinesas e britânicas entraram em desacordo, depois de o governo ter manifestado apoio aos moradores de Hong Kong que protestaram contra a polêmica lei de extradição que consideram uma ameaça à autonomia da cidade.

O projeto de lei propunha que qualquer país, incluindo a China continental, pudesse buscar a extradição de suspeitos. Ele atraiu uma oposição generalizada, já que muitos moradores de Hong Kong temem que o projeto permita que o Partido Comunista Chinês (PCC) sancione dissidentes e críticos, enquanto erode o Estado de direito da cidade.

Autoridades de Londres, atuais e antigas, divulgaram declarações expressando preocupação com o projeto de lei de extradição nas últimas semanas, conclamando Pequim a cumprir suas promessas na Declaração Conjunta e garantir a autonomia de Hong Kong.

O secretário de Relações Exteriores britânico, Jeremy Hunt, observou que o Reino Unido tem a obrigação de garantir que o tratado seja honrado, enquanto seu antecessor, Boris Johnson, disse que apoiava os Hongkongers “em cada centímetro do caminho”.

Pequim repreendeu tais comentários dizendo que a Grã-Bretanha não tem mais voz sobre os assuntos de Hong Kong.

Em 2017, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que a Declaração Conjunta era um documento histórico que não tinha mais significado.

Hunt e Johnson estão competindo no cargo para próximo primeiro-ministro britânico. Membros públicos do Partido Conservador votarão pelo líder do partido em uma votação nacional, cujos resultados serão anunciados em 23 de julho.

O discurso de despedida de May não foi o primeiro a abordar os protestos de Hong Kong. Em 17 de junho, ela se reuniu com o vice-primeiro-ministro chinês, Hu Chunhua, em Londres e conversou com ele sobre a necessidade de respeitar os direitos e liberdades de Hong Kong, de acordo com a declaração conjunta.

May não respondeu sobre o problema da Huawei. O governo dos Estados Unidos pediu ao Reino Unido e a outros aliados que proíbam a empresa de telecomunicações de fornecer equipamentos 5G de conexão à Internet de próxima geração devido a preocupações com segurança.

Enquanto Londres ainda não tomou uma decisão oficial sobre a proibição de participação da Huawei nas redes 5G, a empresa já está trabalhando com todas as quatro principais operadoras móveis da Grã-Bretanha para construir a infraestrutura 5G, segundo o The Guardian.

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