Por Alicia Marquez
O primeiro-ministro do Peru, Aníbal Torres, elogiou Adolf Hitler, citando como exemplo a construção de vias de comunicação na Alemanha nazista nesta quinta-feira ao falar sobre a infraestrutura do Peru, o que atraiu críticas das embaixadas alemã e israelense.
No início do IV Conselho de Ministros Descentralizado, realizado na quinta-feira na cidade andina de Huancayo, Torres se referiu ao líder nazista Hitler e ao ditador italiano Benito Mussolini como exemplos para ressaltar a importância das obras de infraestrutura no país.
“Sem infraestrutura o país não pode se desenvolver, as vias de comunicação são como as veias, as artérias do ser humano, para poder sobreviver para poder avançar”, disse Torres durante a sessão do Conselho, na quinta-feira.
“Itália e Alemanha eram iguais a nós, mas uma vez Adolf Hitler visita o norte da Itália e [Benito] Mussolini mostra a ele uma estrada construída de Milão à Brescia. Hitler viu isso, foi ao seu país e o encheu de rodovias, aeroportos e transformou a Alemanha na maior potência econômica do mundo”, acrescentou o primeiro-ministro, referindo-se ao líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, conhecido como partido nazista.
As declarações de Torres geraram críticas das embaixadas alemã e israelense, além de autoridades do país, que lamentaram os comentários feitos pelo funcionário peruano.
“Lamentamos que o discurso político peruano inclua referências como Hitler e Mussolini como exemplo de prosperidade. Regimes de morte e terror não podem ser um sinal de progresso”, escreveu a embaixada israelense no Peru em um comunicado no Twitter na quinta-feira. “Hitler foi responsável pela morte de 6 milhões de judeus, elogiá-lo é uma ofensa às vítimas dessa tragédia mundial”.
Mais tarde, a embaixada alemã no Peru escreveu: “Adolf Hitler foi um ditador fascista e genocida em nome do qual a pior guerra de todos os tempos foi realizada e um genocídio de 6 milhões de judeus foi cometido. Perante este cenário, Hitler não é a referência adequada como exemplo de qualquer espécie”, em um breve comunicado na quinta-feira, no Facebook.
Além disso, a presidente do Congresso do Peru, María del Carmen Alva, expressou sua rejeição ao que chamou de “loucura” do primeiro-ministro, Aníbal Torres Vásquez, e pediu desculpas em nome do país a Israel e à Alemanha.
“Dadas as infelizes declarações do primeiro-ministro Aníbal Torres em que elogia as supostas conquistas do genocida nazista Adolf Hitler, responsável por milhões de mortes como resultado do massacre de judeus, queremos expressar nossa rejeição a essa loucura que ofende a humanidade, principalmente o Estado de Israel e a República Federal Alemã, a cujas nações expressamos, por meio de suas embaixadas, nossa solidariedade e desculpas como peruanos”, disse o presidente antes de retomar a sessão plenária no Parlamento peruano nesta quinta-feira, segundo informações da mídia loca El Comercio.
A Ouvidoria do Peru – um órgão estatal autônomo – também rejeitou “fortemente” as declarações do primeiro-ministro “sobre o ditador genocida Adolf Hitler”, acrescentando que suas expressões refletem uma “profunda ignorância da história” e também mostram um “desprezo pelas milhões de vítimas causadas pelo nazismo”.
“As atrocidades cometidas por Hitler forçaram a humanidade a compreender a natureza universal dos Direitos Humanos e a obrigação do Estado de respeitá-los e protegê-los”, acrescentou a agência, ao apontar que um funcionário que desconhece a origem dos direitos humanos e os despreza “não pode ficar no cargo”.
A permanência do primeiro-ministro no cargo foi muito questionada nas últimas horas pela oposição política e pela mídia local, após a confirmação da morte de uma pessoa na quarta-feira em protestos na região de Ica, ao sul.
Torres também fez parte de uma grande polêmica depois que o governo decretou um toque de recolher surpresa em Lima na última terça-feira, o que também desencadeou manifestações da população e saques no centro histórico da capital peruana.
Apesar da crise social e política que o Peru enfrenta, que inclui pedidos de renúncia do presidente Pedro Castillo, Torres garantiu na quarta-feira que o governo é “muito sólido”.
Com informações da EFE.
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