Presidente do Equador diz ter negociado condições para entregar Assange

Moreno pediu que Assange não seja entregue a um país onde possa sofrer torturas ou ser condenado à morte

11/04/2019 17:34 Atualizado: 11/04/2019 17:34

Por Francine Marquez, Diário do Poder

O presidente do Equador, Lenín Moreno, publicou em seu Twitter nesta quinta-feira (11) um vídeo onde afirma ter negociado com autoridades da Grã-Bretanha as condições para a entrega de Julian Assange, 47 anos, fundador do site Wikileaks. “Respeitando os direitos humanos e o direito internacional, solicitei à Grã-Bretanha a garantia de que Assange não seria entregue a um país onde possa sofrer torturas ou pena de morte”.

Moreno alega que apesar do Equador ser um “país generoso e de braços abertos” a decisão de retirar o asilo diplomático de Julian Assange ocorreu por ele ter “violado repetidamente as convenções internacionais”.

O presidente equatoriano diz que Assange infringiu as condições estabelecidas para que permanecesse exilado na embaixada em Londres. “O Equador cumpriu com suas obrigações dentro do marco do direito internacional. O senhor Assange violou reiteradamente as disposições expressas em convenções internacionais sobre asilo diplomático, particularmente a de não intervir em assuntos internos de outros Estados”.

E que por seis anos e dez meses, o povo equatoriano garantiu os direitos e as necessidades cotidianas de Assange, mas que tendo em vista sua “conduta desrespeitosa e agressiva”, a paciência equatoriana chegou ao limite, sendo assim, a manutenção do asilo tornou-se “insustentável e inviável”.

Moreno declarou que membros do site ameaçaram o governo equatoriano, citando que nos últimos anos, o Wikileaks divulgou documentos sigilosos. “Há dois dias, o Wikileaks ameaçou o governo do Equador. Meu governo não tem nada a temer. Não atua sob ameaça. O Equador se guia pelos princípios do direito, cumpre as normas internacionais e cuida dos interesses do povo equatoriano”.

Estados Unidos querem extradição

Logo após a prisão de Assange, o Departamento de Justiça norte-americano anunciou que pediu a sua extradição para julgá-lo nos Estados Unidos. Lá o jornalista é acusado de ajudar a ex-analista de inteligência norte-americana Chelsea Manning, a obter a senha para acessar documentos confidenciais da Defesa dos Estados Unidos.

Por isso, Julian Assange é acusado de conspiração por meio de ciberpirataria, e pode ser condenado a pena de cinco anos de prisão. Entretanto, o jornalista e seus apoiadores temem que ele seja condenado a pena de morte.

Denúncia

Segundo Moreno, Assange instalou equipamentos eletrônicos não permitidos no prédio da embaixada, bloqueou as câmeras de segurança da embaixada, agrediu e maltratou vigilantes da missão diplomática e acessou arquivos de segurança da embaixada, sem permissão.

No Twitter, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa criticou a decisão de Moreno, afirmando que é uma “covardia”. Para Correa, que concedeu abrigo a Assange, a atitude do presidente equatoriano não será esquecida pela humanidade.

“Um dos atos mais atrozes fruto de servilismo, vileza e vingança. A história será implacável com o culpado de algo tão atroz”, disse Correa. Segundo ele, a decisão foi tomada porque o Wikileaks publicou denúncia de corrupção envolvendo Moreno.

Com informações da Agência Brasil