O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, lembrou nesta segunda-feira (14), a ascensão de Hitler ao comentar a vitória do candidato de direita, Javier Milei, nas eleições primárias da Argentina, embora tenha esclarecido que não está comparando os dois personagens.
O mandatário mexicano explicou a ascensão de Milei, pré-candidato à presidência mais votado na Argentina neste domingo (13), com a crise econômica que o país vive depois que, segundo ele, o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter “virado as costas” ao atual governo argentino de Alberto Fernández.
“Isso precipitou uma crise econômica, que obviamente afetou o povo argentino e produziu inflação. Aqui é importante lembrar que, entre outras coisas, Hitler se reergue, se consolida como líder, depois de uma inflação sofrida antes de chegar ao poder”, comentou em entrevista coletiva.
“As inflações e as crises econômicas sempre ajudam a direita, o conservadorismo, que é um pouco o que está acontecendo na Argentina. Não estou comparando Milei com Hitler, para que fique claro, estou fazendo uma referência histórica”, esclareceu.
Com quase sete milhões de votos, o economista libertário, líder da formação A Liberdade Avança, aproveitou o descontentamento da sociedade argentina e se tornou o político mais votado entre os candidatos à Presidência nas eleições de 22 de outubro.
Após as eleições do PASO (primárias, abertas, simultâneas e obrigatórias), com 96,40% das urnas preenchidas, A Liberdade Avança obteve 30,10% de apoio, à frente da coalizão Juntos pela Mudança (centro-direita), que alcançou 28,27% dos votos voto, e o oficial União pela Pátria (peronista), que somou 27,21%.
Enquanto organizações políticas de extrema-direita internacional, como Vox na Espanha e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, comemoram o triunfo de Milei, López Obrador acusou a mídia “conservadora” argentina de favorecer sua vitória.
“Toda a campanha midiática foi fortíssima…, eles levantaram esse personagem e é por isso que foi o resultado de ontem”, disse.
Ele também reiterou sua acusação de que o FMI tentou beneficiar o governo argentino de Mauricio Macri, que depois deixou a dívida para Fernández.
“No caso da Argentina, a crise econômica os afetou muito porque o governo de direita e conservador de Macri endividou por completo o país com a cumplicidade do Fundo Monetário Internacional porque eles deram dinheiro quando a capacidade de pagamento da Argentina foi ultrapassada”, mantido.
Mesmo assim, ele reconheceu que as ações do governo Fernández, seu aliado, também impactaram os resultados.
“Digo de forma muito respeitosa, carinhosa, porque gosto muito dos líderes progressistas da Argentina, faltou mais decisão, ziguezaguearam demais”, disse.
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