Presidente do Conselho Europeu busca maior conexão com China em encontro com Xi Jinping

Por Agência de Notícias
25/11/2022 12:29 Atualizado: 25/11/2022 13:29

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, buscará um maior envolvimento da China ao lado da União Europeia (UE) diante de desafios como a guerra russa na Ucrânia, os desequilíbrios econômicos e a ordem internacional baseada em regras ou desafios comuns, como a mudança climática, durante o encontro que terá com o presidente chinês, Xi Jinping, no dia 1º de dezembro.

O Conselho Europeu anunciou nesta quinta-feira (24) a viagem a Pequim do político belga, que se vê com um mandato “claro” dos 27 países da UE, depois do debate travado pelos dirigentes na última cúpula do bloco em outubro, sobre como deve ser o futuro da relação com a China, apesar de não haver nenhuma conclusão escrita sobre essa reunião.

“O presidente (Michel) achou que seria bom se envolver com a China, já que estamos em um episódio crítico”, disseram fontes comunitárias europeias.

Michel, que consultou os 27 países da UE para fazer esta visita e irá a Pequim sozinho, sem ser acompanhado por uma delegação maior de representantes do Conselho ou da Comissão Europeia, tem três razões fundamentais para encontrar Xi: geopolítica, economia e desafios globais, segundo apontaram as fontes.

Em nível geopolítico, a UE quer que a China não fique do lado da Rússia nem lhe forneça armas no contexto da guerra na Ucrânia, e também não evite as sanções europeias impostas a Moscou pela agressão contra seu vizinho.

“Se um país tem influência sobre a Rússia, é a China”, disseram as fontes, destacando os recentes sinais “mais encorajadores” de Pequim do que aqueles que estava enviando no início da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Nesse sentido, também destacaram o papel “construtivo” da China na aprovação “unânime” das conclusões da recente cúpula do G20 em Bali (Indonésia), que foram duras com Moscou por sua agressão à Ucrânia e pela crise alimentar que gerou em muitos países do mundo.

No que diz respeito à região, a UE está preocupada com o comportamento mais assertivo da Rússia em relação a Taiwan, como ficou claro durante a visita em agosto à ilha, cuja soberania é reivindicada por Pequim, da ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.

“A UE não tem interesse em um conflito na região”, declararam as fontes, que acrescentaram que a mensagem que a UE quer passar à China é que “precisamos de um mundo em que a ONU esteja no centro e que tanto a agressão da Rússia quanto o possível conflito em torno de Taiwan sejam um perigo real”.

Para a UE, que mantém sua política de “uma só China”, o uso da força neste contexto não se justifica.

Em nível econômico, há “preocupação” na União com o desequilíbrio com a China, a dependência excessiva de matérias-primas ou produtos chineses e o déficit comercial com Pequim.

“Temos que encontrar maneiras de equilibrar isso”, comentaram.

Quando se trata de desafios globais como a mudança climática ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a UE tem clara a ideia sobre a necessidade de cooperar com países como a China ou a Índia.

A visita de Michel a Xi acontecerá após a recente viagem a Pequim do chanceler alemão, Olaf Scholz, e o encontro do líder chinês com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na cúpula do G20.

Durante a cúpula de outubro, os chefes de Estado e de governo da UE discutiram como enquadrar a relação com a China no futuro, quando concordaram que é preciso defender os direitos e liberdades fundamentais europeus e “introduzir mais reciprocidade” nas relações econômicas com Pequim.

“Existe uma vontade de evitar a ingenuidade, mas também de não embarcar em um confronto sistemático”, disse Michel na ocasião, em uma coletiva de imprensa ao final do Conselho Europeu.

Esse debate decorreu com base em um novo documento elaborado pelo Serviço Europeu para a Ação Externa que aponta que a China “tornou-se um concorrente global ainda mais forte da UE, dos Estados Unidos e de outros parceiros”, razão pela qual “é essencial para avaliar a melhor forma de responder aos desafios e oportunidades atuais”.

O relatório alertou ainda que “as relações bilaterais entre a China e a Rússia representam claramente uma forte parceria estratégica, baseada no apoio aos interesses centrais de cada um e não pode ser ignorada”.

 

Entre para nosso canal do Telegram

Assista também: