Presidente da Guiana vê ações de Maduro como “ameaça à estabilidade da região”

Por Agência de Notícias
09/12/2023 15:22 Atualizado: 09/12/2023 15:22

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, descreveu como ameaças à região as ações do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, que no domingo passado realizou um referendo no qual, segundo dados oficiais, mais de 90% dos eleitores apoiaram a anexação do disputado território de Essequibo.

“Acredito que esse desafio aberto ameaça a estabilidade da região, é uma ameaça direta à Guiana e às empresas que operam aqui”, disse Ali em entrevista à revista colombiana “Semana”, publicada nesta sexta-feira.

Segundo Ali, “no referendo, há questões que buscam anexar o Essequibo, que pertence à Guiana, à Venezuela e estabelecer controle administrativo sobre a área”.

“A Corte Internacional de Justiça determinou que o status quo deve permanecer, ou seja, que o Essequibo é parte do território da Guiana e que a Guiana administra a governança nessa área”, enfatizou.

Após o referendo de domingo passado, o governo de Maduro decidiu tomar medidas com base no “mandato popular” e iniciar o trabalho administrativo para anexar o território e transformá-lo em um estado venezuelano.

A região seria governada, remotamente, a partir da cidade venezuelana de Tumeremo, no estado de Bolívar, por um governador nomeado por Maduro até que sejam realizadas eleições na área e terá representação legislativa regional e nacional, condicionada pelo status atual da disputa, com a Guiana controlando o território.

O território disputado, que Maduro chama de “estado venezuelano Guiana Essequiba”, também planeja conceder “imediatamente” licenças para a exploração de petróleo, uma atividade que já está sendo realizada pela Guiana.

As ações da Venezuela foram criticadas por vários líderes da oposição, bem como por organizações não governamentais e outros setores sociais que, embora considerem que o Essequibo pertence ao país, são a favor da Corte Internacional de Justiça (CIJ) para resolver a disputa, um órgão que o chavismo rejeita.

Apelo à responsabilidade venezuelana

O presidente da Guiana expressou sua esperança de que Maduro não aja “de forma aventureira e muito irresponsável”, mas está preocupado com todas as declarações feitas pelo líder venezuelano.

“Levamos essa questão oficialmente ao Conselho de Segurança da ONU. Informamos todos os nossos aliados e começamos a ter discussões de defesa com eles para garantir que a Guiana esteja em um estado de prontidão devido a essa tremenda ameaça da Venezuela”, declarou.

O governante também disse que as ameaças estão sendo levadas tão a sério que acredita que “os pronunciamentos de Maduro podem equivaler a uma ocupação, à destruição da paz e à instabilidade na região”.

“Acredito que a paz e a estabilidade da região estão em jogo. E acredito que a governança da região está em jogo. O que Maduro está insinuando é uma ação que pode desestabilizar a economia, a paz e a governança da região, e pode colocar todo o hemisfério ocidental em um lugar onde nunca esteve antes”, comentou Ali.