O presidente da Argentina, Alberto Fernández, reafirmou nesta quarta-feira ao ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, o objetivo de “aprofundar o vínculo” entre os dois países e trabalhar por uma maior integração da região.
Os dois líderes se encontraram no Palácio San Martín, sede do Ministério das Relações Exteriores argentino, no dia seguinte à realização da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
O encontro da organização esteve marcado por polêmicas na Argentina, devido a denúncias de violações dos direitos humanos ocorridas em Cuba.
A controvérsia também se estendeu aos convites para assistir à cúpula, aos presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Nicarágua, Daniel Ortega, que acabaram não participando dos debates.
Díaz-Canel classificou o encontro de hoje com Fernández como “estimado”.
Também estiveram na reunião os ministros das Relações Exteriores de Argentina e de Cuba, Santiago Cafiero e Bruno Rodríguez Parrilla, respectivamente, entre outras autoridades.
“Ratificamos a disposição de aprofundar os laços de irmandade e vínculos bilaterais nas áreas de interesse comum”, afirmou Díaz-Canel sobre o encontro de hoje.
Em comunicado, a presidência da Argentina indicou que Fernández destacou “a importância de seguir avançando em diferentes iniciativas de cooperação no nível político, econômico e comercial, tanto na relação bilateral, como multilateral”.
Díaz-Canel chegou à Buenos Aires no domingo e, um dia depois, se reuniu com empresários, artistas, intelectuais, acadêmicos, organizações sociais e residentes cubanos na Argentina.
Na Cúpula da CELAC, o ditador de Cuba fez críticas ao que chamou de “asfixia econômica” imposta pelo governo dos Estados Unidos, que afirma ter desejo de “destruir” o modelo de desenvolvimento da ilha.
A Declaração de Buenos Aires, feita ao fim do encontro da organização latino-americana e caribenha, incluiu a necessidade do “fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro” dos EUA contra Cuba.
Além disso, o texto pede a exclusão da ilha da lista de países que patrocinam o terrorismo.
Alegações de apoio de Cuba ao terrorismo
Em janeiro de 2021, durante os últimos dias do governo Trump, os EUA designaram Cuba novamente como um dos 4 Estados patrocinadores de terrorismo. Irã, Síria e a Coréia do Norte completam a lista. Esse rótulo havia sido imposto á ilha já antes, em 1982, mas removido em 2015 durante a gestão de Barack Obama.
Em uma nota à imprensa de 2021 a respeito da volta de Havana à categoria se lê:
“Por décadas, o regime cubano alimentou, abrigou e deu assistência médica a assassinos, fabricantes de explosivos e sabotadores, enquanto muitos cubanos tornam-se famintos, desabrigados e carecem de medicamentos básicos. Membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), designado uma Organização Terrorista Estrangeira, viajaram à Havana para conduzir conversas de paz com o governo colombiano em 2017. Citando protocolos de negociações de paz, Cuba se recusou a extraditar dez líderes do ELN vivendo em Havana após o grupo reivindicar a responsabilidade pelo bombardeio, em janeiro de 2019, da academia de polícia de Bogotá, que matou 22 pessoas e feriu outras 87”
A nota acusa ainda o regime comunista cubano de abrigar terroristas americanos foragidos da justiça dos EUA.
Além do ELN, que consta na nota de Washington, as FARC, outra guerrilha narcoterrorista, também foram historicamente fomentadas e beneficiadas pelo regime comunista cubano. Apesar de um acordo de paz firmado em 2016, dissidências das FARC seguem em atividade.
Em retrospectiva, documentos oficiais publicamente disponíveis incluem confirmação do exército brasileiro de que o Partido Comunista Cubano deu treinamento de guerrilha para, no mínimo, 202 militantes de esquerda brasileiros entre 1965 e 1971, incluindo os ex-ministros José Dirceu e Franklin Martins.
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