O primeiro-ministro do Peru, Alberto Otárola, disse nesta terça-feira que seu país “está sendo literalmente atacado” pelos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; e do México, Andrés Manuel López Obrador, que apoiaram o ex-presidente peruano Pedro Castillo e criticaram a atual mandatária, Dina Boluarte.
“O país está literalmente sendo atacado por dois presidentes: (o presidente colombiano, Gustavo) Petro e (o presidente mexicano, Andrés Manuel López) Obrador (…) Infelizmente, eles têm atacado sistematicamente nosso país e os peruanos por meio de comentários desnecessários que o governo rejeita com veemência”, disse Otárola a jornalistas depois de participar de uma reunião com a Mesa do Congresso.
Ele também declarou que esses dois presidentes, juntamente com o ex-presidente Castillo, “são farinha do mesmo saco” e se parecem em suas políticas “com uma gestão medíocre e autoritária”.
Otárola se referiu ao fato de que o governo apresentou um projeto de lei que permitiria a Boluarte viajar para o exterior e governar remotamente a fim de exercer a diplomacia presidencial.
De acordo com o premiê, essa proposta tem “uma conotação especial” devido ao contexto internacional.
“Devido a essa alta responsabilidade e à defesa pessoal que a presidente da República tem de fazer de nosso país, invocamos um senso de urgência ao Congresso e temos certeza de que eles agirão de acordo com essa solicitação”, explicou.
Otárola antecipou a informação de que, após essa reunião, ele se encontrará nesta quarta-feira com o Comitê de Constituição Legislativa para apresentar a proposta novamente, juntamente com a ministra das Relações Exteriores, Ana Gervasi.
Em declaração transmitida pela televisão na segunda-feira, Gervasi disse que os presidentes de México e Colômbia demonstraram “mais uma vez sua atitude contrária aos princípios e valores que regem a coexistência democrática na região”, ao reiterarem sua rejeição ao governo de Boluarte.
Gervasi enfatizou que a posição de Obrador de não entregar a presidência pro tempore da Aliança do Pacífico ao Peru “é uma manifestação do nível de negligência com que ele dirige suas ações na política externa”.
O presidente mexicano chamou Boluarte de “usurpadora” na segunda-feira e disse que ela deveria deixar “a presidência para a pessoa que a ganhou em uma eleição livre e democrática, Pedro Castillo”, que está na prisão desde o dia 7 de dezembro de 2022, destituído do cargo pelo Congresso peruano, após uma tentativa de golpe de Estado.
O presidente mexicano alega que Castillo foi vítima de um golpe de Estado “da oligarquia” e disse que Boluarte, que assumiu o cargo por sucessão constitucional por ser vice-presidente, “foi imposta” no governo peruano, razão pela qual tem “cerca de 25% de aceitação” popular.
Já Petro criticou no domingo as visitas de políticos e funcionários à procuradora-geral do Peru, Patricia Benavides, apontando-a como a “protagonista” do que ele considerou “um golpe de Estado” contra Castillo.
Em relação a essa declaração, Gervasi comentou que Petro, ao se referir à procuradora-geral peruana, demonstrou “seu não reconhecimento da independência e da autonomia constitucional que os ministérios públicos têm no âmbito de um sistema democrático”.
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