Preços na Argentina desaceleram em setembro

Por Natalia Kidd e efe
11/10/2024 16:31 Atualizado: 11/10/2024 16:31

A inflação na Argentina desacelerou em setembro para 3,5% em relação a agosto, a menor variação mensal desde novembro de 2021 (quando foi de 2,5%), como resultado da dura disciplina fiscal e monetária mantida pelo governo do presidente Javier Milei e da relativa “paz” cambial.

Em agosto, o índice de preços ao consumidor havia avançado 4,2% na comparação com o registrado em julho, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).

Também houve desaceleração na medição em 12 meses, a quinta consecutiva, com os preços em setembro 209% acima dos do mesmo mês em 2023.

“O processo de desinflação continua, e o curso da ortodoxia fiscal e monetária não mudará”, disse o ministro da Economia, Luis Caputo, na rede social X.

Após o choque provocado pela súbita desvalorização do peso argentino ordenada pelo governo Milei no final de 2023, a inflação saltou para taxas mensais de 25,5% em dezembro e 20,6% em janeiro.

Mas, como resultado das primeiras medidas de “choque” de Milei, os preços iniciaram uma tendência de queda como resultado de um forte ajuste fiscal e monetário e o consequente colapso no consumo que esmagou a demanda.

A desaceleração dos preços tornou-se mais evidente a partir de maio, quando a política monetária de “emissão zero” do governo começou a dar frutos.

A relativa estabilidade da taxa de câmbio nos últimos meses também ajudou a estabilizar os preços em uma economia que é altamente sensível às flutuações do dólar.

Em setembro, em particular, a redução da inflação também foi ajudada pela diminuição de um imposto sobre as importações, o que, por um lado, reduziu o custo dos bens intermediários para a produção e, por outro, estimulou a concorrência entre os bens finais importados e os fabricados na Argentina.

“Na segunda semana do mês, houve uma moderação significativa no ritmo dos aumentos de preços, especialmente ligados ao componente de bens, sugerindo um impacto favorável da redução do imposto de importação”, disse a consultora C&T em um relatório.

De acordo com os dados do Indec, entre os principais aumentos registrados em setembro estão os dos custos de habitação (7,3%) e vestuário e calçados (6%).

Os alimentos e bebidas não alcoólicas subiram 2,3% em relação a agosto e 201,4% em 12 meses, um número preocupante devido ao seu impacto sobre o custo da cesta básica que determina a linha de pobreza na Argentina.

Entre janeiro e setembro, o índice de preços ao consumidor acumulou um aumento de 101,6%.

As previsões privadas mais recentes coletadas mensalmente pelo Banco Central apontam que a variação mensal da inflação ficará entre 3,3% e 3,6% até dezembro.

Assim, a inflação acumulada para o ano na Argentina seria de 123,6%, bem abaixo dos 211,4% de 2023, que foi a segunda maior taxa no país desde a hiperinflação de 1989-1990 e a quarta maior do mundo no ano passado, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).