Pré-candidata venezuelana pede ajuda ao Brasil para “garantir” primárias da oposição

Machado afirmou que 61% do território venezuelano "está nas mãos de grupos irregulares", incluindo o crime organizado do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Por Agência de Notícias
12/09/2023 18:21 Atualizado: 12/09/2023 18:21

A venezuelana María Corina Machado participou nesta terça-feira, por videoconferência, em uma comissão do Senado e pediu “ajuda” ao Brasil para “garantir” as eleições primárias que a oposição realizará em outubro para escolher o seu candidato presidencial para 2024.

“Quero pedir que acompanhem este processo, que nos façam sentir que não estamos sozinhos”, disse Machado à Comissão de Segurança Pública do Senado, em videoconferência proposta pelo senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

O partido antichavista Vente Venezuela, liderado pela pré-candidata presidencial Machado, denunciou no sábado passado um “ataque desproporcional” contra as primárias da oposição de 22 de outubro, nas quais será eleito um candidato da coalizão para enfrentar o governo nas eleições presidenciais de 2024.

“Espero que o governo brasileiro, através do seu Ministério das Relações Exteriores, faça cumprir o compromisso mútuo de respeitar as instituições democráticas”, disse Machado sobre as primárias da oposição e as próprias eleições do ano que vem.

Machado, que foi tornada inelegível pelas autoridades de seu país, o que a impede de concorrer a cargos eletivos por 15 anos, disse que, apesar dessa decisão “pírrica e inconstitucional”, ela participará das primárias.

“Vou participar nas primárias, penso que vou ganhar, e com essa legitimidade vamos poder apelar a todos os governos da América Latina para que o regime de (Nicolás) Maduro entenda que, para seu próprio bem, tem de permitir eleições competitivas”, comentou.

Segundo Machado, “as primárias serão um processo extremamente importante para conseguir a unidade de toda a oposição” e quando “faltam apenas 40 dias, uma das ameaças é que o regime tente impedi-las”.

A audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado, composta majoritariamente por aliados de Jair Bolsonaro e opositores, foi pontuada por ataques a Lula e alusões à “democracia relativa” no país vizinho.

Em seu discurso, Moro, que também foi ministro da Justiça no governo de Bolsonaro, lamentou que Lula se refira a Maduro como “amigo”, principalmente após a recente visita do “ditador tirano da Venezuela” ao Brasil.

Machado, por sua vez, questionou: “Como é possível que uma nação que em menos de duas décadas recebeu bilhões de dólares pelo petróleo, tenha visto a sua economia cair tão drasticamente?”, com mais de US$ 23 bilhões de dólares “desaparecidos” da petroleira estatal PDVSA.

De acordo com a opositora, “a violação dos direitos humanos aumentou drasticamente e, hoje, há quase oito milhões de venezuelanos que deixaram a Venezuela, quase 25% da população”.

“São salários de US$ 5 por mês. Um professor vive com um US$ 1 por dia. Há subnutrição, falta de água e de energia. Uma realidade da Venezuela que tentam esconder com propaganda”, sublinhou.

Segundo Machado, relatórios internacionais dão conta de milhares de execuções extrajudiciais e 14 mil detidos nos últimos 14 anos, e a Venezuela é o quinto país mais poluente devido à queima de petróleo com “destruição” na Amazônia.

Perante os senadores brasileiros, Machado afirmou que 61% do território venezuelano “está nas mãos de grupos irregulares”, desde guerrilheiros colombianos, cartéis de drogas mexicanos e grupos de extração mineral ilegal, até o crime organizado do Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Se as forças armadas não tivessem apoiado o regime, essa situação não teria perdurado”, afirmou o senador o e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi adido militar em Caracas entre 2002 e 2004.

Em resposta a uma pergunta de Mourão sobre o alinhamento das forças armadas com o regime no período que antecedeu as eleições, Machado respondeu que o governo enfraqueceu a corporação, mas disse confiar que os militares “respeitarão a soberania popular dos venezuelanos”.

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