O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, incluiu entre suas propostas de campanha – algumas das quais reiterou após vencer as eleições do último domingo – a privatização de empresas públicas, incluindo a Aerolíneas Argentinas, o que gerou alta tensão nas últimas horas.
“Se eles quiserem assumir o controle da Aerolíneas, terão que nos matar. E quando digo matar, estou falando literalmente. Ele vai ter que carregar mortos, eu em primeiro lugar”, declarou nesta quarta-feira o secretário-geral da Associação de Pilotos de Linhas Aéreas (APLA), Pablo Biró, em entrevista à “Rádio Nacional Rock”.
Dias atrás, o deputado eleito pela coalizão política de Milei (A Liberdade Avança), Alberto Benegas Lynch, declarou na televisão que a ideia sobre a empresa é “entregá-la aos funcionários”, mas “basicamente privatizá-la”.
Biró disse que as empresas públicas pertencem “a todos os argentinos” e que o Congresso deve definir se ela deve ser transferida para uma cooperativa, como está sendo proposto.
Os sindicalistas da aviação, que já demonstraram sua força em várias ocasiões, defenderam a administração da empresa e, conforme explicou Biró, “a Aerolíneas é sustentável e eficiente em termos de números.”
Com relação aos protestos sindicais, o líder sindical destacou que se Milei quiser “abolir o direito de greve, nos prender, nos perseguir, governar por decreto, ele será como Fujimori, a história o julgará e ele acabará na prisão”.
“Todo mundo sabe o que nós, sindicatos aeronáuticos, temos capacidade de fazer. Se houver uma mesa de diálogo e eles quiserem discutir, os trabalhadores defenderão uma empresa pública que pode gerar riqueza”, destacou o presidente da APLA.
“Se quiserem destruí-la por motivos ideológicos, isso é outra questão”, disse Biró, que também aproveitou a oportunidade para criticar o governo do peronista Alberto Fernández, que encerra seu mandato no dia 10 de dezembro, após decidir não se candidatar à reeleição.
“Esse Executivo deu continuidade à política de céus abertos e à expansão excessiva do ‘low cost’ que havia sido imposta (pelo ex-presidente Mauricio Macri). Quando você deixa essas questões apenas para o mercado, você está desconectado”, afirmou Biró.
De acordo com os números fornecidos em setembro pela empresa, a Aerolíneas Argentinas transportou 9 milhões de passageiros em 2023 e suas projeções visavam fechar o ano superando o recorde de quase 13 milhões de viajantes em 2019.
No primeiro semestre do ano, registrou perdas de US$ 48 milhões, uma redução de 61% em comparação com o vermelho do mesmo período de 2022, um resultado descrito como “excelente” pelo chefe da empresa, Pablo Ceriani, que disse que a médio prazo a empresa alcançará a sustentabilidade econômica.
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